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Aplicativo “Mapa das Feiras Orgânicas” reúne estabelecimentos e dicas de receita

São mais de 800 feiras orgânicas cadastradas, com informações sobre as cinco regiões do Brasil

São mais de 800 feiras orgânicas cadastradas, com informações sobre as cinco regiões do Brasil

Não é exagero afirmar que alimentos orgânicos e agroecológicos parecem estar inseridos em uma caixa com duas etiquetas de identificação: preço alto e difícil acesso.

É quase unânime a opinião de que o consumo desse tipo de produto é inacessível para grande parte da população. A partir dessa perspectiva, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) decidiu, há três anos, instituir uma nova lógica de informação quando o assunto é comida.

O Mapa de Feiras Orgânicas surgiu em 2012 como uma lista de quarenta feiras em São Paulo. Em 2015, quando o mapa se tornou um site, esse número saltou para 400. Hoje, são mais de 800 feiras cadastradas em todo país.

Nutricionista do IDEC, Rafael Arantes afirma que o mapa foi criado para desfazer mitos e mostrar o que está velado na produção alimentar. “O mapa surgiu com a intenção de reunir feiras orgânicas e agroecológicas disponíveis. O IDEC mostra que a percepção de que esses alimentos sejam mais caros está baseada no preço do supermercado. Os alimentos convencionais são mais baratos, mas há uma razão de ser, por exemplo, a política permissiva de agrotóxicos”, explica Rafael.

Interativo, o mapa, além de organizar as feiras pelo país, possibilita que a população possa incluir novos estabelecimentos e compartilhar experiências, aponta Rafael Arantes.

“As pessoas estão cadastrando feiras que não estão no mapa e ajudam também a atualizar dados como local e horário dos estabelecimentos já cadastrados”, ressalta.

Um desses consumidores é Paulo Marco de Campos Gonçalves, engenheiro agrônomo e morador de Santos, no litoral paulista. Marco, aliás, também é responsável pela organização das Feiras Orgânicas na cidade, que hoje conta com 9 iniciativas.

Para ele, o consumo de alimentos orgânicos e agroecológicos reúne temas que estão além da saúde e do consumo sustentável.

O primeiro deles é o respeito ao trabalhador rural, diz o engenheiro. “As feiras possibilitam a venda direta e que o produtor possa oferecer a um preço melhor. Além disso, o trabalhador também é melhor remunerado, porque uma das coisas que “encarece” o produto orgânico é o fato de você não explorar o agricultor”, aponta Marco.

Outro aspecto abordado por Paulo é a disputa política que o ato de comer aborda.

“Feira orgânica é uma ação política. Não política partidária, mas uma ação no sentido de pensar: quando você se alimenta, onde você quer deixar o seu dinheiro? Se você investe seu dinheiro em um alimento orgânico, há uma ajuda ao produtor que cuida da terra. Isso faz toda diferença no país que a gente quer construir”, analisa Marco Paulo.

Para conhecer mais sobre as feiras orgânicas, acesse feirasorganicas.org.br. Além do mapa, o site disponibiliza receitas variadas e uma biblioteca digital com estudos, infográficos e análises sobre o consumo alimentar no Brasil.

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