Pela primeira vez, o Brasil realizou, em São Paulo, o Festival de Salsa de Cuba, promovido pelo consulado cubano e a Associação Latino-americana (Alac). O evento celebrou não só a cultura da ilha caribenha, mas de toda a América Latina. Além da oportunidade de dançar salsa e apreciar as atrações musicais, o público também pode conhecer um pouco das artes visuais e culinária da ilha caribenha.
“Me senti novamente em Cuba, meu país de origem. Rodeado de toda essa magnitude, de toda essa alegria cubana, de toda essa mistura colorida, e de toda atração e alegria que traz a salsa cubana”, afirmou o técnico de refrigeração Roilan Cause.
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Há cinco anos no Brasil, Roilan é professor de salsa nas horas vagas. “Tenho como hobby trabalhar em um estúdio de dança, ensinando a salsa como uma dança tradicional cubana, a salsa como um meio de emoção, de relaxamento para as pessoas”, ressalta.
A consultora de vendas Érica Casemiro destacou a integração entre os povos como o ponto alto do Festival. “É um encontro de resgate, de valorização de cultura e saberes. E essa união, né, Brasil e Cuba. Para mim significa um encontro da diáspora”, avalia.
Outra visitante foi a nutricionista e empreendedora Edimea Tereza. Ela é quilombola, natural da região da Chapada Diamantina, na Bahia, e atualmente mora em Osasco, São Paulo. Ela foi uma das brasileiras convidadas para expor seu trabalho no festival: os quitutes da Quilombo Doces. “Além de tudo, feliz com a oportunidade de trazer a nossa gastronomia, a gastronomia quilombola”.
O Festival da Salsa de Cuba promoveu manifestações artísticas, gastronomia e cultura / Alac
Em sua primeira edição no Brasil, o festival, realizado no mês passado no Memorial da América Latina, na Barra Funda, capital paulista, também contou com exposição de diversos artistas cubanos. Teve pinturas, fotografias, esculturas, e artesanato. Foi o que trouxe Yureth Rosales, que é cubano e veio para o Brasil há cinco anos. Com dificuldade para encontrar emprego como engenheiro florestal, teve a ideia de fazer artesanato para vender, a partir de madeira recuperada.
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“Eu comecei a trabalhar com artesanato lá em Cuba. No tempo livre fazia meu artesanato na faculdade. Reaproveito recurso que praticamente vai parar no lixo”.
Pedro Monzón é o cônsul-geral de Cuba no Brasil, e faz questão de lembrar que seu país sempre foi talentoso. “É uma população com um talento em potencial que não havia se desenvolvido. Com o triunfo da revolução, foi criado um sistema de escolas por todo o país. Escolas de arte, em geral, escolas de cultura, em geral, e por fim, uma universidade das artes. Essa é a razão pela qual transborda artistas cubanos para fora da ilha”.
Além disso, Monzón também deixa claro que, para Cuba, a política externa é solidariedade e “sem a solidariedade, Cuba não existiria como um fenômeno social, econômico e político”, acrescenta.
E por falar em solidariedade, o cônsul Cubano aponta para as semelhanças do seu povo com os brasileiros, não só na cultura.
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“O povo cubano e brasileiro têm muito em comum. Culturalmente, etnicamente, no âmbito da religião. E isso tem que ser explorado, levado mais além. Não nos conhecemos bem o suficiente. E é importante que cada país dê o que tem. Cuba tem muito o que oferecer no terreno da cultura, tem muito o que ensinar. Como disse, somos uma potência”, conclui.
Everton Souza, do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, em São Paulo, tem uma opinião parecida. “Cuba nos ensina que cultura, educação, e massificação, com crítica, dessa cultura e educação, pode construir um país digno e soberano. Eu acho que é isso que o Brasil quer, e é isso que Cuba faz e nos inspira”, reflete.