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Tempero: Tarcísio faz acordo para destinar emendas à PM e governo Lula indica mudança para a esquerda

Nesta semana, o Tempero da Notícia é apresentado pelo jornalista José Eduardo Bernardes

Um acordo entre deputados federais, senadores e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), retirou mais de R$ 40 milhões de universidades e institutos federais em 2024 e 2025. O acordo costurado por Tarcísio destinou emendas parlamentares da bancada paulista do Congresso para o Hospital das Clínicas e para o programa de segurança pública, Muralha Paulista.

A única deputada contrária à manobra foi Sâmia Bomfim (Psol-SP), que rejeitou uma premiação de R$ 10 milhões em emendas para o Estado, que os deputados e senadores receberam na negociação. A medida não só tira autonomia dos parlamentares para projetos que, de fato, sejam coerentes com sua atuação política mas, de alguma maneira, alimenta ações violentas da Polícia Militar de São Paulo.

Em 2024 foram registradas 760 mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo. O número é 65% maior do que o registrado em 2023 e 91% maior do que o número de mortes por policiais em 2022.

Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato e apresentado nesta semana pelo jornalista José Eduardo Bernardes.

Contra a alta dos preços dos alimentos

Em mais um episódio da guerra contra a alta no preço dos alimentos, o governo decidiu zerar as tarifas de importação de alguns produtos, como carne, café, milho e açúcar. Outros alimentos que integram a cesta básica também tiveram sua tributação zerada. 

O programa lançado pelo governo ainda fortalece a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), responsável pelo estoque de alimentos e uma importante medida pra controlar os preços. A inflação dos alimentos é apontada por membros do governo Lula como o principal fator para queda de popularidade do presidente. 

Soma-se a esse movimento um esperado aumento das safras brasileiras, que devem bater recorde nos próximos meses. O efeito, no entanto, não é instantâneo e deve se refletir em uma queda nos preços no final de 2025 e começo de 2026. 

Guinada à esquerda?

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), pode assumir o comando da Secretaria Geral da Presidência, hoje ocupada por Marcio Macêdo, na esteira da reforma ministerial que tem pautado os últimos dias do governo.

A ideia seria aproveitar a aproximação de Boulos com os movimentos populares, para fazer essa ponte de maneira mais eficiente com o governo federal. A mudança, no entanto, não tem agradado a praticamente ninguém. O PT defende que as pastas que estão mais próximas do presidente, no Palácio do Planalto, fiquem nas mãos de petistas.  Já o Psol, apesar do apoio a Lula, quer manter uma imagem de independência do governo. Por isso, a presença de Boulos seria um entrave para o partido. 

Além da presença de Boulos no governo, outro sinal para uma possível guinada à esquerda é a nomeação de Gleisi Hoffmann, ex-presidenta do PT e deputada federal, para o ministério das Relações Institucionais.

A pasta era ocupada por Alexandre Padilha, que foi deslocado para o Ministério da Saúde após a demissão de Nísia Trindade. A Saúde chegou a ser disputada por partidos do centrão, inclusive de indicados pelo presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB).

Os partidos de direita que estavam no governo, como o PP de Ciro Nogueira, estudam retirar seu apoio no Congresso. Para além da popularidade em queda, a proximidade das eleições e um possível tensionamento à esquerda têm afastado esses partidos da base do governo.

O PP, inclusive, já afirmou que não estará com o governo Lula em 2026. Nogueira disse também que André Fufuca, ministro dos Esportes, não foi indicado pelo partido e que sua presença na Esplanada dos Ministérios constrange membros do PP.

Agora, caberá a Gleisi Hoffmann fazer a mediação para garantir a governabilidade do governo em um momento chave. A deputada tem ótima articulação com os partidos que integraram a chapa presidencial de 2022 e foi responsável por construir a frente ampla do governo Lula 3 nos bastidores.

Panela de Pressão

Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O chefe da pasta não tem participado de reuniões chave do governo, entre elas a desta semana, que debatia saídas para enfrentar a crise da alta dos alimentos. Dois secretários da Fazenda representaram o ministro no encontro.

Apesar das críticas, Haddad tem bons números a apresentar. A economia brasileira, na contramão das descrenças do mercado financeiro, tem crescido acima da média. O PIB de 2024, por exemplo, teve crescimento de 3,4%, acima das projeções do mercado. Haddad também aprovou diversos projetos no Congresso, que foram importantes para baixar as temperaturas da pressão que o governo sofre no campo econômico.

No campo político, no entanto, Haddad sempre foi o principal alvo de aliados do governo e dentro do próprio PT. O desgaste aconteceu em momentos que o ministro cedeu às pressões do mercado e convenceu o governo de que era necessário cortes de gastos para frear a dívida pública. Neste semestre, o ministro, que sempre foi um plano B do partido caso Lula não disputasse as eleições, deverá enfrentar uma disputa importante no Congresso, com a tramitação do projeto que isenta quem ganha mais de R$ 5 mil do imposto de renda, uma das principais apostas de Lula na área econômica.

Cafezinho

O Cafezinho desta semana vai para o Carnaval brasileiro. Neste ano, a folia começou mais tarde, já nos primeiros dias de março. Mas isso não afastou os foliões das ruas, pelo contrário. O famoso pré-carnaval começou cedo e ainda em fevereiro, muitos blocos já ocupavam as ruas das cidades brasileiras.

O sucesso da festa pôde ser visto em várias cidades. Em Pernambuco, por exemplo, que tem um dos maiores e mais tradicionais carnavais do Brasil, teve recorde de público: mais de 3,5 milhões de pessoas ocuparam as ruas de Recife e da cidade vizinha, Olinda.

O Rio de Janeiro estimava, ainda antes da festa, que 8 milhões de pessoas visitassem a cidade nesse período e mais de R$ 5,7 bilhões circulariam na economia.

E o carnaval também é político. Teve grito contra Bolsonaro, coros de “Sem Anistia” para golpistas e, claro, homenagens diversas à vitória do filme “Ainda Estou Aqui” no Oscar e da bela jornada de Fernanda Torres, que retrata Eunice Paiva no filme.

O desfile das escolas de samba também teve grande relevância, não só no público e na beleza da tradicional Sapucaí, mas também nos temas. Das 12 escolas de samba, 9 trataram de temas de religiões de matriz africana.

Onde assistir

Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.

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