Paralizações

Manifestantes ocupam Petrobras em SP contra desmanche da estatal

Eles denunciam que a privatização do pré-sal ameaça o desenvolvimento do país

Redação |
Atualmente, a Petrobras é a operadora única nos campos de exploração do pré-sal
Atualmente, a Petrobras é a operadora única nos campos de exploração do pré-sal - MAB/Divulgação

Na manhã desta sexta-feira (24), petroleiros ocuparam o Edifício São Paulo, na Avenida Paulista, onde fica o escritório da Petrobras em São Paulo. Entre as motivações para a ação estão a denúncia do desmanche da estatal e a reinvindicação do pré-sal como fonte de recursos para o desenvolvimento do país.

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A paralisação começou às 6h desta sexta com a ocupação do prédio. Às 10h, houve um ato político, e os ocupantes foram até a avenida onde o escritório está localizado para explicar quais são os riscos que o desmonte da Petrobras traz para a população.

Participam do ato o Sindicato dos Petroleiros (SindiPetro), a Federação Única dos Petroleiros, movimentos estudantis, de juventude e movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular.

O militante Jadir Bonacina, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), avalia que "está acontecendo um desmanche na Petrobrás". "E quem vai pagar essa conta são os trabalhadores da Petrobras e os trabalhadores brasileiros”, lamenta.

Apoio

Os trabalhadores do prédio receberam bem a manifestação, segundo a militante do Levante Popular da Juventude, Barbara Pontes. Ela participou do ato por acreditar que a reserva de petróleo é fundamental para a juventude.

Atualmente, a Petrobras é a única operadora nos campos de exploração do pré-sal, além de possuir participação obrigatória de pelo menos 30% nos grupos de exploração e produção. Isso garante o protagonismo da Petrobras, considerada uma das maiores empresas do mundo.

O militante afirma isso em referência ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015 do ministro interino de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que revoga a participação obrigatória da estatal na exploração do petróleo no pré-sal.

Segundo Barbara, o projeto ameaça a estabilidade do país. “O pré-sal é a garantia de desenvolvimento do Brasil”, afirma. “Para a juventude, a defesa do pré-sal é central, porque ele representa a soberania nacional. Sem o pré-sal, é como se não tivessémos futuro”, avalia.

Ela se lembra, também, da conquista que foi a dedicação dos royalties do petróleo à saúde e educação.

O diretor do Sindipetro Unificado de São Paulo Bob Ragusa defende que a estatal seja a única operadora da reserva de petróleo. “Queremos a Petrobras como exploradora única do pré-sal para garantir que o povo brasileiro tenha educação e saúde de qualidade. Só a Petrobras pode nos garantir isso. A Shell e a Chevron não vão”, ironiza.

Governo Temer

Entre as denúncias do manifestantes, está também o governo do presidente interino da República, Michel Temer (PMDB), considerado ilegítimo pela Frente. 

Cartazes com os dizeres "Fora, Temer" e "Volta, Dilma" estavam misturados com os que denunciam o desmonte da empresa.

Itamar Sanches, membro da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) condenou o governo Temer, mas criticou, também, o governo da presidente Dilma.

“Não queremos o golpista Temer, mas sabemos que governo da presidente Dilma também errou ao fazer acordos com a oposição sobre o pré-sal, e nós questionamos isso”, afirmou.

Outras mobilizações

A ação faz parte de uma série de manifestações programadas pela Frente Brasil Popular para os próximos dois meses. Atividades políticas estão sendo agendadas para quase todos os dias das semanas seguintes em diferentes partes do país.

Entre as pautas estão a defesa da saúde pública, a defesa da democracia, a denúncia do golpe contra a presidenta Dilma e o “Fora, Temer”.

Pedro Parente

Unânime entre os manifestantes é a denúncia contra o novo presidente de Petrobras, Pedro Parente, que foi indicado ao cargo pelo presidente interino da República, Michel Temer. O recado é que ele irá ajudar na dissolução da empresa.

Barbara convida a juventude a denunciar o novo presidente, que não irá defender os recursos da educação que a empresa promove.

“Ele foi ministro do FHC e era conhecido como ‘ministro do apagão’”, recorda, em referência ao apelido que Parente recebeu enquanto encabeçava o Ministério de Minas e Energia, durante as crises energéticas de 2001.

Já o diretor do sindicato dos petroleiros pede que os trabalhadores “não se esqueçam do nome dele”. Ragusa foi incisivo ao deixar seu recado para o presidente da estatal. “Pedro Parente, nos aguarde que nós vamos arrancar você da presidência da Petrobras”.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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