Mobilização

Grito dos Excluídos marca resistência da periferia contra o golpe

Ao longo de toda a marcha, a palavra de ordem 'Fora, Temer' foi unânime

Curitiba |
Além da crítica ao golpe, os participantes denunciaram os riscos de retrocessos prometidos pelo governo de Michel Temer (PMDB), no campo da educação, saúde, previdência e relacionados à soberania nacional
Além da crítica ao golpe, os participantes denunciaram os riscos de retrocessos prometidos pelo governo de Michel Temer (PMDB), no campo da educação, saúde, previdência e relacionados à soberania nacional - Ednubia Ghisi

A comunidade São Benedito, no Capão da Imbuia, recebeu neste 7 de setembro o 22º Grito dos Excluídos, em Curitiba. Centenas de pessoas participaram do ato, para questionar que tipo de independência o povo brasileiro vive, especialmente em tempo de golpe institucional. Organizado por igrejas e movimentos populares, esta edição do Grito trouxe como lema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”.

A partir das 8h30, os participantes foram recebidos com um café da manhã, com pães e bolos doados pelos grupos da Rede de Padarias Comunitárias Fermento na Massa. Em seguida, uma celebração ecumênica que resgatou os temos dos Gritos anteriores, e seguiu em caminhada até a Associação Solidários pela Vida – Sovida, instituição que trabalha com pessoas com o vírus HIV. O ato terminou por volta das 11h30, com a distribuição de mudas de flores.

Ao longo de toda a marcha, a palavra de ordem 'Fora, Temer' foi unânime. Além da crítica ao golpe, os participantes denunciaram os riscos de retrocessos prometidos pelo governo de Michel Temer (PMDB), no campo da educação, saúde, previdência e relacionados à soberania nacional. Milhares de pessoas saíram às ruas em centenas de cidades e em pelo menos 24 estados pelo Brasil, tendo o 'Fora,Temer' como pauta central.

No centro, na periferia, nas igrejas

“O que está ocorrendo no momento é muito ruim para as comunidades, para as lutas e para as conquistadas realizadas nos últimos anos”, afirma Valdevania Assis, assistente social, que participa do Grito dos Excluídos. Para ela, a luta no centro da cidade é importante, mas é preciso levar o debate sobre o golpe e a resistência para as periferias, alcançando uma população que recebe informação apenas a partir da grande mídia, “comprometida com o golpe”, em sua opinião. “São essas pessoas que serão as mais prejudicadas com as políticas que estão surgindo”, complementa.

Padre Danilo Pena, da Paróquia São Benedito e da Pastoral da Aids, aponta a necessidade de toda a população participar da política: “O Gritos dos Excluídos é sempre uma oportunidade maravilhosa de trazer para os bairros, para as bases e para pequenas comunidades - para experiências de comunidades cristas, católicas e não católicas - a reflexão sobre temas tão importante para a vivência fiel da nossa cidadania. Neste ano tão complicado, marcado pela nossa perda de direitos, é importante trazer um tema que nos faça refletir sobre o problema do sistema, que não reconhece a vida em primeiro lugar, que coloca o lucro em primeiro lugar ”.

Bispo Naudal Gomes, da Igreja Anglicana de Curitiba, fala da necessidade de união para enfrentar o atual momento político do país e sobre sua participação no ato. "Quando vamos celebrar a fé, com fundamentos naquilo que chamamos de Reino de Deus, não podemos renunciar e nos afastar de alguns pressupostos que fundamentam- conforme o ensino bíblico e a fé- esse Reino, que são a paz, a justiça e o direito" afirma. Para Naudal, as igrejas cristãs e as religiões precisam acompanhar a luta que busca alcançar uma sociedade melhor, mais justa e mais inclusiva, com direito para todas as pessoas.

"Precisamos seguir mobilizados para encontrar um caminho que possa superar esse golpe constitucional de estado que estamos vivendo no Brasil. Nós estamos nos soando a várias vozes para que voltemos imediatamente a eleger o líder máximo do país por eleições diretas", completa Gomes.

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