Ciência

Cortes do governo Macri atingem cientistas e pesquisadores na Argentina

Segundo a anuncio, a pasta terá um recorte do 30%; com o numero de ingressante no sistema cientificose reduz 60%

Brasil de Fato I São Paulo (SP) |
Organizações e sindicatos convocam uma mobilização na próxima quarta-feira (14), em frente ao Ministério de Ciência da Argentina
Organizações e sindicatos convocam uma mobilização na próxima quarta-feira (14), em frente ao Ministério de Ciência da Argentina - Reprodução

Após a aprovação do Orçamento Nacional na Câmara de Senadores da Argentina para o ano 2017, a área de Ciência e Tecnologia sofreu um corte de 30%, e as consequências já se refletem no quadro de pesquisadores que iniciarão carreira no ano que vem. Segundo dados divulgados nesta semana, a quantidade de pesquisadores que ingressarão na carreira de Pesquisador Científico do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet) será de apenas 385 pessoas, 60% menos do que os 900 pesquisadores que ingressaram no ano passado.

Os números atuais indicam o pior registro nos últimos 10 anos. Segundo o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Lino Barañao, o corte se deve à falta de limites e de controle dos financiamento nos últimos anos. Contudo, pesquisadores e universitários argentinos repudiam esses anúncios e manifestaram a sua preocupação a curto e longo prazo.

Repercussão

Hernana Palermo, antropólogo e pesquisador do Conicet e membro do Coletivo de Científicos e Universitários Autoconvocados, disse que “este ajuste vai significar um ponto de inflexão no desenvolvimento cientifico e tecnológico dos últimos dez anos", em entrevista à AM Del Plata, da Argentina.    

"Entre as consequências que podemos imaginar é, com certeza, toda uma geração de pesquisadores e pesquisadoras que não vão encontrar trabalho na Argentina e vão ter que migrar para outros países. Isso tem consequências graves, porque são pessoas formadas dentro do sistema público, e hoje estamos lhe dizendo ‘bom não aqui não tem trabalho, vão embora’”, lamentou.

O pesquisador também aponta que esse corte vai significar a diminuição dos fundo para algumas linhas de pesquisa e o fim de outras. “Isso pode significar um grande retrocesso que, caso queiramos reverter, vai levar muito tempo e muito financiamento. Estamos diante de um ponto de inflexão profundamente nefasto para o sistema científico argentino”, lamentou.

Para Roberto Rivarola, diretor de Conicet na cidade de Rosário, estado de Santa Fé, isso evidencia uma “forte mudança de paradigma”, que volta a restringir o futuro argentino ao rol de agroexportador, e antecipou que isso pode provocar uma nova "fuga de cérebros”, como aconteceu na década de 90.

Outra consequência é que mais de 400 pessoas aprovados no processo seletivo do Conicet não poderão ocupar sua vaga por falta de orçamento.

Manifestação

Sindicatos e organizações políticas estão convocando protestos nas próximas semanas para exigir o fim do ajuste e que todos os selecionados sejam incorporados nas universidades.

Na tarde da próxima quarta-feira (14), haverá um ato frente ao Ministério de Ciência, em Buenos Aires, autoconvocado pelo Coletivo de Científicos e Universitário, membro da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), trabalhadores do Conicet e o Coletivo Ciência e Técnica da Argentina.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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