Coluna

Cemitério soviético profanado: alerta que vem da Polônia não pode ser ignorado

Imagem de perfil do Colunistaesd
Um grupo de vândalos profanou o cemitério de soldados soviéticos em Varsóvia, capital da Polônia, provocando a reação imediata da embaixada
Um grupo de vândalos profanou o cemitério de soldados soviéticos em Varsóvia, capital da Polônia, provocando a reação imediata da embaixada - Sputinik
Cemitério de soldados soviéticos foi profanado com pinturas da suástica

Informações procedentes da Polônia dão conta que os nazi-fascistas estão dando o ar de sua graça. Vândalos de extrema direita nazi-fascistas profanaram cemitério de soldados soviéticos na Polônia. Isso faz parte do ódio gratuito a que está sendo disseminado por lideranças de países integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que quase diariamente exalam seu ódio exortando inclusive a adoção de sanções econômicas contra o país.

Continua após publicidade

Governada atualmente pela extrema-direita, não será de estranhar se os próprios dirigentes possam estar estimulando a prática odienta ou dando espaço para esses grupos extremistas agirem sem ser incomodados pelas autoridades. E não é de hoje que grupos extremistas saudosistas do III Reich nazista estão novamente tentando ocupar espaço na política europeia.

Desta vez, o maior cemitério de soldados soviéticos na Polônia foi profanado com pinturas da suástica e outros símbolos nazistas nos degraus do obelisco principal, segundo a agência russa Tass. Foram destruídos túmulos de soldados soviéticos no cemitério histórico de Fort Winiary, na cidade de Poznan. No cemitério estão sepultados cerca de seis mil soldados soviéticos. Além disso, existem os túmulos do Exército Vermelho e em vários destes, vândalos danificaram placas com inscrições, arrancaram fotos de soldados mortos e destruíram lápides com a estrela vermelha.

No caso da Polônia é muito lamentável que depois de tudo que o país passou na II Guerra Mundial, mais de 70 anos depois do fim daquele período tenebroso, nazi-fascistas voltem a colocar as asas odientas de fora profanando o túmulo de combatentes históricos que deram suas vidas para acabar com o pesadelo vivido então. A opinião pública mundial deveria se posicionar imediatamente contra o que está acontecendo.

Em alguns países, o ódio nazi-fascista tem se manifestado nas mais diversas formas. No período das ditaduras na América Latina tal prática acontecia na Argentina, Chile e no próprio Brasil.

Por aqui neste século XXI, lamentavelmente, ainda proliferam figuras que defendem publicamente torturadores e o retorno do regime vigente nos tempos posteriores ao golpe de abril de 1964, como o caso do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Vale assinalar que um clube como a Hebraica, no caso do Rio de Janeiro, está convidando Bolsonaro para proferir palestra. É a vergonha da vergonha a diretoria do clube judaico fazer o convite e até agora mantê-lo sob o argumento de que está querendo conhecer opiniões e não se pode coibir essa abertura.

O fato vergonhoso remete ao que aconteceu nos primeiros anos iniciais da ascensão de Adolf Hitler. Foi então concedido espaço para uma entrevista a uma publicação judaica que utilizou mais ou menos os argumentos atuais da diretoria da Hebraica do Rio.

Os lamentáveis acontecimentos ocorridos na Polônia devem servir de sinal de alerta, não apenas para a própria Europa, como também para o continente latino-americano onde povos enfrentam a ascensão de governos que estão tentando de todas as formas reduzir a zero as conquistas sociais. Na época das ditaduras essa ação se dava de uma forma menos sofisticada que a atual, mas em essência com os mesmos propósitos.

Denunciar o que aconteceu no maior cemitério da Polônia de soldados russos que deram a vida pela libertação de povos do pesadelo nazista é dever de todos e todas que defendem a paz no mundo.

Denunciar os que concedem aqui no Brasil espaço para uma figura execrável como o político de extrema direita como Bolsonaro deve ser um dever de todos e todas empenhados na luta de preservação da democracia.

* Mário Augusto Jakobskind é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor e autor, entre outros livros, de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.

Edição: ---