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Jovem trocou a cidade por uma comunidade do MST

Daiane se mudou há dois anos, com a família, e nem pensa em voltar atrás

Brasil de Fato | Rio Bonito do Iguaçu (PR) |
A jovem elogia o espírito de coletividade e cooperação no pré-assentamento
A jovem elogia o espírito de coletividade e cooperação no pré-assentamento - Daniel Giovanaz

Quinze anos na cidade, dois no campo. Daiane Machado dos Santos nasceu e cresceu na área urbana, em municípios do centro-sul do Paraná, com todas as comodidades que a cidade oferece. Mas, em 2015, a vida dela e dos pais sofreu uma ruptura. Diante da crise que afetou a economia do país, a família decidiu mudar de ares e se juntar ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para trabalhar na produção de alimentos.

Desde então, a casa de Daiane é o pré-assentamento Vilmar Bordim, em Quedas do Iguaçu. A localidade leva o nome de uma das vítimas fatais do massacre de 7 de abril de 2016, e está em plena área de conflito entre trabalhadores sem-terra e a madeireira Araupel.

“Na verdade, meus pais foram acampar e eu fui junto. Mas hoje, se eles saírem, eu não saio”, brinca a jovem de 17 anos, que sonha em cursar Enfermagem, mas nem pensa em deixar a comunidade.

“Aprendi a importância de ser mulher e de lutar pela terra, pelos nossos direitos", Daiane Machado dos Santos

Entre as atividades que ajudaram no processo de adaptação, Daiane menciona a participação no Coletivo de Mulheres. “A gente se organiza, faz oficinas, formações e debates sobre gênero”, descreve. “Aprendi a importância de ser mulher e de lutar pela terra, pelos nossos direitos, contra a criminalização do movimento”.

Uma das amigas de Daiane é Fabiana Braga, de 22 anos, que está presa desde novembro sob acusação de integrar uma organização criminosa e não teve sequer a chance de se defender. “Ela é nossa companheira, é um exemplo, e está lá por nós, por todas as mulheres. Já que eles não podem prender todas nós, uma paga por todas. Ela está lá, mas está lutando por nós”.

Daiane Machado dos Santos elogia o espírito de coletividade e cooperação no pré-assentamento, e ressalta que a segurança alimentar dos brasileiros depende dos pequenos produtores: “É muito fácil falar do campo quando se está na cidade”. Depois de viver as duas realidades, ela não hesita em fazer sua escolha: permanecer na zona rural e lutar pelo direito à terra.

Edição: Ednubia Ghisi