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Artigo | Em campanha nacional, 'prefake' Dória passa por Curitiba

Agenda do prefeito é voltada para ‘pré pré-candidatura’ presidencial

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Desde que assumiu a prefeitura, João Dória Júnior passou mais de um mês longe do comando da maior cidade do país em viagens ao exterior
Desde que assumiu a prefeitura, João Dória Júnior passou mais de um mês longe do comando da maior cidade do país em viagens ao exterior - Luiz Costa/SMCS

São Paulo tem um prefeito. Só que não. Desde que assumiu a prefeitura, João Dória Júnior passou mais de um mês longe do comando da maior cidade do país em viagens ao exterior. Ele já assumiu o governo municipal em primeiro de janeiro pensando em ocupar o Palácio Alvorado em 2019. Suas decisões e ações são tomadas apenas para se cacifar como candidato contrário a Lula, líder das pesquisas, diante do vácuo de referência entre os tucanos.

Como populista de direita, ele faz de tudo para aparecer. Ou, como manda a era digital, virar trend topics. Por isso elevou a velocidade das marginais, se fantasia de trabalhador e repaginou programas para a classe média como o “Cidade Linda”, nome ideal para Calderão do Huck. Dória, contudo, pouco se importa com os números negativos que vem gerando. As mortes no trânsito subiram 30% desde que ele assumiu; a de ciclistas, 75%. O programa de embelezamento das ruas espalhou a cracolândia por toda a cidade, sem contar o episódio em que bancos foram molhados para que moradores de rua não dormissem na madrugada mais fria do ano.

Dória só se interessa pelo marketing e pelas ações fakes como gestor. Se de um lado anuncia doação de remédios para unidades de saúde e hospitais municipais, no momento seguinte se descobre que os remédios “doados” estão no limite de validade, contribuindo para as empresas se livrarem do prejuízo e ainda terem isenções de impostos acima dos R$ 66 milhões.

Mesmo assim, Dória Jr. segue com suas bravatas à direita, discursando para plateias que odeiam o PT e Lula e que almejam a todo custo a maximização dos lucros em cima do lombo dos trabalhadores. Uma receita que deve lhe render muitos votos e curtidas. Por isso, percorre o país defendendo terceirização, privatizações e estado mínimo. Esse discurso soou como mel a 450 empresários paranaenses em sua visita na semana passada a Curitiba em evento realizado na Universidade Positivo, pelo G7, composto por Fiep, Fecomércio, Faep, Faciap, Fetranspar, Fecoopar e ACP.

“Vivemos um momento de reconstrução do país depois de tantas maldades a que temos assistido ao longo do tempo”, disse o prefeito candidato em Curitiba, na estratégia se opor a Lula e criar empatia a partir do cultivo do ódio. Contudo, essa forma de agir gera reações. Duas delas ocorreram no mesmo dia. A primeira foi do governador de São Pauo, Geraldo Alckmin, afirmando que “candidatura é o partido que decide; vamos discutir no momento certo”. A declaração foi dada após Alckmin não participar de evento com o presidente Michel Temer, marcando posição contrária ao governo federal, enquanto Dória Jr, se vangloriava de estar ao lado daquele que escapou de investigação com a liberação de emendas parlamentares e todo tipo de negociata. O segundo revés de Dória foi a ovada em Salvador, quando cumpria a agenda de prefeito (só que não) candidato ao lado de ACM Neto. Reação popular contra quem derruba prédio com gente dentro.

Enfim, Dória é o tipo de político que critica Bolsa Família enquanto defende Bolsa Empresário e que faz da sua gestão um bolsão de negócios. Um personagem virtual que, na verdade, torce para que Temer termine todas as maldades defendidas por seu partido, o PSDB, para que ele, se virar presidente, não precise encarar a realidade das contradições econômicas e sociais do Brasil.

Edição: Ednubia Ghisi