Memória

Há 44 anos, golpe militar no Chile derrubava o presidente socialista Salvador Allende

Ditadura foi uma das mais violentas da América Latina; informes apontam que 40 mil pessoas foram vítimas do processo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Na manhã do dia 11 de setembro, de 1973, Salvador Allende se defende no Palácio La Moneda, no Chile
Na manhã do dia 11 de setembro, de 1973, Salvador Allende se defende no Palácio La Moneda, no Chile - Luis Orlando Lagos Vásques

O presidente socialista Salvador Allende foi destituído do poder em 11 de setembro de 1973, por meio de um golpe de Estado executado por militares.

À época do golpe, o país passava por um embargo econômico promovido pelos Estados Unidos. Famílias inteiras sofriam com a falta de alimentos e produtos essenciais. A situação deixou um terreno fértil para que a burguesia descontente e os militares tomassem o governo.

A partir disso, uma Junta Militar, formada pelo comandante do Exército, Augusto Pinochet, e outros militares de alta patente exigiram a renúncia imediata de Allende.

Após ter conhecimento da insurreição do Exército, Allende pegou a AK-47, rifle que ganhou de presente do ex-presidente cubano Fidel Castro, e foi para o Palácio de la Moneda, sede do governo. Ele tentou resistir, mas os militares já haviam tomado todo país.

Assim que o presidente chega ao la Moneda, o palácio é bombardeado pelos militares. Em seu último pronunciamento, Allende destacou a traição dos militares:

" Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição".

No fim do áudio, é possível ouvir as bombas que foram lançadas contra o Palácio de la Moneda. Para não sofrer as humilhações e tentar evitar consequências mais graves para a população, Allende usou a AK-47 para por fim à própria vida.

O golpe militar do Chile se estendeu por 17 anos. Após a democratização, diversas comissões e relatórios foram realizados para encontrar e sistematizar as vítimas do regime. O levantamento mais recente, feito pela Comissão Valech, contabilizou 40 mil vítimas entre torturados, presos e assassinados.

Edição: Vanessa Martina Silva