Agricultura

Jornada de Agroecologia no Paraná propõe “terra livre de transgênicos e agrotóxicos”

Denúncia do modelo “devastador” do agronegócio também está na pauta do evento que ocorre até sábado (23)

Brasil de Fato | Lapa (PR) |

Ouça o áudio:

Palco de abertura do primeiro dia da 16ªJornada de Agroecologia
Palco de abertura do primeiro dia da 16ªJornada de Agroecologia - Leandro Taques

Uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos.  Este é um dos lemas que fazem parte da 16a edição da Jornada de Agroecologia que ocorre desde quarta-feira no Parque de Exposições da cidade de Lapa, no Paraná.

Militantes de movimentos populares, estudantes de agronomia, artesãos e a população da região participam do evento para conhecer e apoiar experiências agroecológicas que respeitam a biodiversidade e cultivam alimentos saudáveis. 

Vários estados brasileiros e também delegações de países da América Latina, como Guatemala, Venezuela, Chile e Equador, participam da jornada. 

Roberto Baggio, do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, destaca que a Jornada é fruto de experiências enraizadas e acumuladas pelos movimentos populares do campo, que atuam para garantir uma agricultura livre de veneno. 

"A jornada é uma grande atividade formativa, de estudo, de análise, de troca de experiência, de aprendizado, de convívio, de partilha de semente, de partilha de receita e que vai construindo este grande movimento que é o movimento pela agroecologia", diz Baggio.

O evento discute também os desafios contra a ofensiva do agronegócio. Neste ano, a jornada homenageia Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, militante do movimento popular Via Campesina, que foi assassinado em outubro de 2007 por uma milícia armada sob o mando de uma empresa transnacional.

O papel das mulheres no campo também é pauta da Jornada. O tema foi discutido no seminário sobre agroecologia e gênero, do qual participou Priscila Facina Monerá, moradora do Assentamento Contestado, no Paraná, e educadora em agroecologia. 

"As mulheres camponesas, indígenas, quilombolas, de todos os povos, faziam agroecologia e não chamavam por este nome de agroecologia. Então é muito importante reconhecer a importância da mulher e como diria aquele grito de ordem: "sem feminismo não há agroecologia"", destaca a educadora. 

Uma das experiências que pode ser conhecida na jornada é o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia, que funciona em Laranjeiras do Sul, região central do Paraná. Segundo Taily Cristina Lopes, que faz parte da entidade, no centro são desenvolvidos trabalhos na área de cooperação e produção.

"Eu acho que dialoga no sentido do desafio que é a construção da agroecologia, e a produção de alimentos saudáveis, a construção de novas relações sociais e de gênero, a participação dos jovens, das mulheres, enfim, neste sentido todos os desafios que envolvem a construção da agroecologia então tem a ver neste sentido nossa atuação", opina Lopes.

A jornada termina no sábado, dia 23, com apresentações culturais, como o Samba Caboclo.

Edição: Simone Freire