Mobilização

Movimentos do campo se unem contra ofensiva da bancada ruralista no Congresso

Entidades elencaram 12 propostas consideradas prejudiciais para os camponeses e se articulam para ações conjuntas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Uma das ações do MST deste ano, militantes ocupam fazenda no  interior de SP em julho
Uma das ações do MST deste ano, militantes ocupam fazenda no interior de SP em julho - José Eduardo Bernardes

Os movimentos populares que integram a Via Campesina iniciaram uma campanha contra a ofensiva da bancada ruralista e do Executivo contra as políticas públicas para o campo.

As entidades elencaram 12 propostas consideradas prejudiciais para os camponeses. Entre os principais temas estão a permissão de venda de terras a estrangeiros e o corte no orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as medidas demonstram que o governo não está disposto a dialogar sobre a reforma agrária.

"Precisamos denunciar e o mundo precisa saber que, apesar do aumento dos conflitos agrários, o governo está dizendo que não vai mais desapropriar terras, que vai aumentar e intensificar os agrotóxicos no campo, e liberar mais transgênicos. Cada um destes pontos estão interligados, não estão separados no ataque aos camponeses e a agricultura familiar."

A avaliação conjunta das entidades que compõem a Via Campesina é de que as ações dos parlamentares ligados ao agronegócio, e do governo golpista de Michel Temer (PMDB) têm afetado, sobretudo, sem-terra, indígenas, quilombolas e pescadores.

Os movimentos populares planejam levar o documento à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em uma audiência pública.

Além disso, os movimentos do campo, das águas e das florestas que compõem o chamado campo unitário vão organizar uma série de seminários em conjunto com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para articular ações conjuntas para o próximo ano.

Selma dos Santos Dealdina, secretária-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), afirma que o momento pede a unificação das entidades camponesas.

"A questão quilombola também passa pela reforma agrária. Nossas pautas conversam porque é o campo que está sendo prejudicado. No momento em que estamos vivendo agora, precisamos nos unir. Ou o campo se une ou vamos nos dar muito mal."

A Via Campesina Internacional é um movimento que articula diversas organizações do campo em todo mundo. No Brasil, entidades como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente à Mineração (MAM) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) integram a rede.

As entidades ligadas à Via Campesina também vão participar da greve geral convocada pelas centrais sindicais no dia 5 de dezembro contra a reforma da Previdência, uma das medidas criticadas pelos movimentos populares no documento.

Edição: Vanessa Martina Silva