HISTÓRIA

Conheça Bárbara de Alencar, uma das lideranças da Revolução Pernambucana de 1817

Alencar participou da Revolução Pernambucana em 1817 e da Confederação do Equador em 1824

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Bárbara participou da Revolução Pernambucana e, anos depois, da Confederação do Equador
Bárbara participou da Revolução Pernambucana e, anos depois, da Confederação do Equador - Reprodução

Nascida no sertão pernambucano em 1760, na cidade de Exu, foi uma das poucas mulheres participantes da Revolução Pernambucana de 1817. Carrega o título da primeira presa política no Brasil, apesar da infirmação ser questionada já que outras mulheres negras e indígenas também teriam participado da insurreição.

Conhecida com Dona Bárbara do Crato, porque viveu por muito tempo, casou e teve filhos na cidade cearense, Bárbara Pereira de Alencar é a mulher que apoiou as ideias republicanas que emergiam em Pernambuco em pleno século XIX. Integrante de uma família conhecida, Dona Bárbara é mãe dos revolucionários José Martiniano, também uma das lideranças da Revolução de 1817 e pai do escritor cearense José de Alencar, e o famoso Tristão Gonçalves de Alencar, que comandou a Confederação do Equador, no Ceará. Além disso, ela também é parente do ex governador Miguel Arraes de Alencar.

Bárbara era uma mulher rica e fazendeira da região Caririense - que naquela época, eram fazendas que foram construídas em vilas e dominadas pelos senhores de escravos que defendiam a monarquia, ou seja, eram a favor do rei. A senhora que aos 57 anos impulsionou os ideais republicanos no Ceará e participaou das discussões e reuniões da Revolução, teve que fugir do sítio onde morava, o “Sítio Pau Sêco”. A mando do contrarrevolucionário e participante do reino, Joaquim Pinto Madeira, os soldados foram atrás dela para prendê-la, mesmo assim ela conseguiu se esconder nas casas vizinhas.

A revolucionária foi acolhida por Dona Matilde, que era mãe do capitão Manoel Joaquim Teles, que era também Juiz Ordinário do Crato. Dona Matilde já vendo que amiga iria ser presa a qualquer momento, pediu que seu filho recolhesse todos os documentos que comprovassem a participação na revolta. “Os documentos foram levados a D. Matilde que os queimou de tal modo que nem a ata da independência, nem as proclamações e decretos do governo revolucionário foram encontrados, na devassa judicial”, escreve Juarez Aires, no livro Dona Bárbara do Crato. O que hoje dificulta as provas de participação no levante.

Esse feito salvou dona Bárbara da pena de morte, mas não da prisão. Foi num presídio subterrâneo do Forte de Nossa Senhora de Assunção, em Fortaleza, que a revolucionária pagou sua pena de três anos de trabalho forçado. De lá, saiu com uma sede maior pela libertação do país e ainda defendeu seus ideais na Confederação do Equador, em 1824.

A história da Revolução

Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, houve um aumento nos impostos pagos pelos brasileiros. Pernambuco, que era uma das capitanias mais ricas sofreu maiores impactos, fazendo com que os pernambucanos ficassem extremamente insatisfeitos com a realeza. Foi desse desconforto que nasceram as ideias republicanas. Então, começam as articulações para uma ruptura da capitania de Pernambuco e outras da reunião com a monarquia para se instituir uma república federativa. Então, em 6 de março de 1817, o capitão José de Barros Lima, conhecido como "Leão Coroado", reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras para impedir o avanço das tropas monarquistas.

Logo após foi feito uma eleição foi instaurado um governo provisório, com representantes de várias partes da sociedade. Este governo implantou a Lei Orgânica, que em suma defendia que “a Soberania emana do Povo”. Mesmo com muitas ideias e vontade de mudar o sistema governamental, os revolucionários da época não conseguiram segurar os embates mais de 75 dias, por falta de armas, soldados e estratégias de combate.

Segundo o historiador e doutor Flávio Cabral, a Revolução Pernambucana de 1817, também conhecida como a Revolução dos Padres, “é um exemplo de movimento político para reverter a tirania e o despotismo do antigo regime praticado pelos ex portugueses”, diz. O professor Tiago da Silva conta que “6 de março não cicatrizou depois que voltou a monarquia. Tivemos muita repressão até meados de 1821. Nunca havia sido visto algo daquele jeito até o momento”. Hoje, 6 de março é feriado em Pernambuco.

Edição: Monyse Ravena