Curitiba

Gleisi e Jacques Wagner conseguem visitar Lula

O ex-presidente escreveu um desabafo sobre a atual situação econômica do país, que foi lido pela senadora Gleisi

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Após visitar Lula, Jacques Wagner e a Gleisi Hoffmann foram até o Acampamento Lula Livre, à 100 metros da Polícia Federal.
Após visitar Lula, Jacques Wagner e a Gleisi Hoffmann foram até o Acampamento Lula Livre, à 100 metros da Polícia Federal. - Joka Madruga

A partir de negociação diretamente com a Polícia Federal, a senadora Gleisi Hoffmann e o ex-governador da Bahia Jacques Wagner conseguiram visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última quinta-feira (3), na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR).

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As visitas às quintas-feiras, reservadas para a família, terão o seu horário dividido com amigos e políticos. Durante a visita, Lula escreveu uma carta aos brasileiros e reafirmou que continua motivado a ser candidato a presidente do Brasil.

Em coletiva à imprensa, Gleisi e Jacques Wagner relataram que o ex-presidente está forte e preocupado com o país. "Ele tem recebido dados sobre a economia e disse estar desconjurado com o que está acontecendo", relatou a senadora. Lula também pediu que Gleisi anotasse uma síntese sobre os dados econômicos e que o documento fosse divulgado. 

Lula motivado

Entre os pontos destacados, Lula disse que gostaria que os dados de queda de investimento e do crescimento econômico fossem justificados. Citou que em seu governo foram gerados 20 milhões de empregos formais, mas hoje há 13 milhões de desempregados. Também fez uma comparação sobre o salário mínimo que cresceu 11 anos consecutivos e agora não recebe reajuste. Questionou os que falavam que era só sair Dilma Rousseff e o PT que tudo melhoraria. 

"Sobre a estagnação do PIB [Produto Interno Bruto], eles não diziam que iriam melhorar e fazer o Brasil crescer? Estamos com o PIB estagnado, que cresce 0,09 por cento. Não diziam que era o PT que estava avacalhando a dívida? Como é que justificam que a dívida passou de 39 por cento para 52 por cento do PIB?,  questiona Lula em carta lida pela senadora Gleisi Hoffmann.

Jacques Wagner disse ter se emocionado em rever o amigo pessoal e que saiu fortalecido da visita. "Ele sempre é quem nos conforta para continuar na luta. Continua pedindo provas sobre sua condenação", relatou. As pessoas que visitarão Lula na próxima quinta-feira ainda não estão definidas.  

Lula reafirma, no documento lido, que a situação atual do país o motiva para voltar e que se mantém candidato a presidente do Brasil. 

Trechos do documento

"Como é que justifica um país que já teve 20 milhões de empregos formais, gerados durante o meu governo, ter hoje 13 milhões de desempregados? Como justificar o salário mínimo que subiu por 11 anos consecutivos, além da inflação, agora não ter tido reajuste? Sobre a estagnação do PIB: eles não diziam que iriam melhorar o país, que saindo a Dilma e o PT tudo iria melhorar? O que justifica um PIB que cresce 0,09 por cento? Não diziam que era o PT que estava avacalhando com a dívida pública? Como é que justificam que a dívida passou de 39 por cento para 52 por cento do PIB, agora? Nos governos do PT pegamos a dívida líquida com 60 por cento, derrubamos para 39 por cento. Não eram eles que iriam consertar o Brasil? Como justifica o PIB per capita, a queda do consumo das famílias, a queda da produção industrial e serviços, nos investimentos? Nos nossos governos alcançamos até 21 por cento de investimentos em relação ao PIB. Hoje está em 15,6 por cento. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] que foi motor do desenvolvimento econômico, que era de 53 bilhões, hoje em queda, indo para 21 bilhões. Por esta situaçâo estou motivado a continuar candidato a presidente do Brasil."

Edição: Cecília Figueiredo