COMIDA

Crítico gastronômico elogia Feira do MST nas redes e perde mais de mil seguidores

"A meta é perder 2 mil. São ignorantes. Não fazem falta", afirma Julio Bernardo, do Boteco do JB

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
JB (segundo da direita para esquerda) divide um copo de vinho com João Pedro Stédile neste domingo (6)
JB (segundo da direita para esquerda) divide um copo de vinho com João Pedro Stédile neste domingo (6) - Rafael Stédile

“Quer perder mais de 1000 seguidores em algumas horas? divulgue uma feira incrível de pequenos produtores que abrange 24 estados do Brasil e vende mais de 300 toneladas de ótima comida por preço acessível”, postou ontem no Instagram o crítico gastronômico – ou cronista de comida, como prefere ser chamado – Julio Bernardo, o JB, do Boteco do JB.

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Conhecido por ser um dos críticos mais ácidos do Brasil, procurando sempre uma comida de verdade, seja em um boteco ou em um restaurante cinco estrelas, JB provou as delícias do Pará, Espírito Santo e Minas Gerais na 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece no Parque Água Branca desde quinta-feira (3). Ao publicar elogios nas redes e postar fotos com boné do MST, recebeu críticas ofensivas de alguns de seus seguidores.

Neste domingo (6), ele voltou para provar o arroz carreteiro feito por João Pedro Stédile e conversou com o Brasil de Fato sobre a importância desse espaço e o que de melhor ele encontrou nos corredores do Parque da Água Branca.

Brasil de Fato: Qual a importância dessa Feira?

JB: A aproximação do pequeno produtor, de cozinheiros assentados com a população, vendendo boa comida, a preço acessível, apresentando ingredientes e produtos pouco conhecidos da grande população. Eu comprei um saco de castanha de caju aqui, olha isso [mostra o pacote]. É incrível. Não se acha em São Paulo algo desse preço, dessa qualidade.

Brasil de Fato: Você já comeu e escreveu sobre todos tipos de comida, de restaurantes cinco estrelas à chefs internacionais. O que você achou da comida aqui?

É bárbara. Comida feita com cocção perfeita. Adorei a barraca de Minas, do Pará, do Espírito Santo. Tudo perfeito. Eu gostei muito da moqueca capixaba, a cocção estava perfeita, o peixe delicioso, tudo certo.

Brasil de Fato: Culinária de guerrilha de verdade?

Culinária de guerrilha, feita em assentamento praticamente, são tendas.

Crítico gastronômico fez diversas menções à feira nas redes sociais: "Comida de primeiríssima qualidade, feita a partir de ótimos ingredientes orgânicos", disse.

Brasil de Fato: Ontem aconteceu um episódio no qual você perdeu seguidores porque postou uma foto aqui na Feira da Reforma Agrária. O que isso quer dizer para você?

São mil analfabetos políticos. Eu postei uma foto os convidando pra vir conhecer, conhecer os pequenos produtores, a comida... A Feira é muito bonita. A meta hoje é perder 2 mil seguidores. Gente que não faz falta.

Brasil de Fato: O que você acha que motiva esse tipo de reação?

Burrice, estupidez, ignorância. Gente que acha que tudo é um Fla-Flu, que tem que ter briga. As pessoas aqui viajaram de caminhão, de ônibus, tá todo mundo sorrindo, fazendo um trabalho lindo, que tem que conhecer.

Brasil de Fato: O que você diria para eles?

Venha conhecer. Venha conhecer e tente falar mal depois. Mas venham.

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Quem quiser seguir o crítico no Instagram, é só procurar @botecodojb. Ele também mantém uma página no Facebook e mantém o site http://edificiotristeza.com/

 

Edição: Nina Fideles