Rio de Janeiro

TEATRO

Centro do Teatro do Oprimido: transformando a realidade através do teatro

Método foi criado por Augusto Boal nos anos 1980

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Madalena-Anastácia é um coletivo de Teatro das Oprimidas formado por mulheres negras
Madalena-Anastácia é um coletivo de Teatro das Oprimidas formado por mulheres negras - Noélia Albuquerque

Desde 1986, o Centro do Teatro do Oprimido (CTO), localizado no coração da Lapa, no centro do Rio, mostra que teatro e luta por um mundo melhor podem ter tudo a ver. O espaço foi fundado por Augusto Boal, dramaturgo que desenvolveu a técnica do Teatro do Oprimido (TO).

O TO é um método estético e político, formado por exercícios e técnicas que buscam a “desmecanização” dos corpos e da mente, além da democratização dos meios de produzir o teatro. Quem explicou foi Geo Britto, integrante do colegiado do Centro do Teatro do Oprimido: “É uma ferramenta na luta do oprimido por uma sociedade mais justa, uma sociedade sem classes, sem racismo e sem machismo”.

O centro conta atualmente com 10 grupos associados, todos com diversas abordagens sobre as questões sociais do país. Alguns exemplos são “As Marias do Brasil”, formado por empregadas domésticas, “Pirei na Cena", de usuários e familiares da saúde mental e “Pantera” com representantes LGBT.

Juntos, os grupos formam o Circuito Teatro do Oprimido, que ganhou em março patrocínio da Petrobras para custear as atividades nos próximos dois anos e realizar mais de 120 apresentações públicas e gratuitas de espetáculos em todo o Rio de Janeiro. “Quem tiver interesse, basta fazer contato com o CTO para levarmos os espetáculos para os bairros, praças, escolas”, acrescenta Britto.

Outro grupo que compõe o CTO é o Madalena-Anastácia, coletivo de Teatro das Oprimidas, formado por mulheres negras. Nele, são desenvolvidos laboratórios teatrais que surgem a partir da discussão de gênero dentro do estudos do Teatro do Oprimido e que também utilizam sua metodologia para quebrar a barreira entre as atrizes, atores e o público. O grupo também traz a discussão da questão racial como central.

“Montamos esse grupo com cerca de seis mulheres para um festival, apresentando um dos nossos espetáculos, o ‘Consciência da cabeças aos pés’, que trata das formas de ser mulher negra e todas as opressões de gênero e raça que atravessam”, explica Rachel Nascimento, integrante do coletivo.

Além de ajudar a dar condições aos grupos existentes, o CTO é um refúgio do teatro político no Rio. Ainda que não seja o único centro de teatro do oprimido no mundo, é uma das principais referências de pesquisa e difusão desse método.

Edição: Mariana Pitasse