Resistência

Em Curitiba, combate a LGBTfobia tem vigília e encontro de empreendedores

Em 2018, Brasil soma 153 vítimas fatais de crimes de homofobia, segundo relatório do Grupo Gay da Bahia

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

Ouça o áudio:

Velas foram acesas para representar a lembrança das mortes ocorridas no Brasil por crimes de ódio e preconceito devido a orientação sexual
Velas foram acesas para representar a lembrança das mortes ocorridas no Brasil por crimes de ódio e preconceito devido a orientação sexual - Ana Carolina Caldas

Uma vigília foi realizada em Curitiba (PR) nesta quinta-feira (17) para celebrar o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia. Reunidos na Praça Santos Andrade, manifestantes acenderam velas para representar os assassinatos cometidos por conta da orientação sexual das vítimas no Brasil.

Apenas no estado do Paraná, segundo dados do Grupo “Homofobia Mata”, foram 20 mortes relacionadas a crimes de ódio registradas em 2017.

Guilherme Jaccon, artista e militante pelos direitos LGBT, diz que o foco dos movimentos deve ser na criminalização da LGBTfobia.

“Temos agora outras questões a serem reivindicadas. Uma das maiores pautas dos movimentos e que interfere muito nos dados é que ainda não temos homofobia e a LGBTfobia como crimes. A maioria dos assassinatos e crimes que acontecem se enquadram nos números de homicídio, violência e assalto. A falta de dados concretos se dá pela inexistência de uma legislação que tipifique a homofobia como crime”, lamenta.

Segundo Thon Paiva, da ONG Dom da Terra, uma das organizadoras da vigília, “a dificuldade de ter dados e números também se dá porque muitos casos não são divulgados pela própria família, que tem vergonha de ter um filho gay, por exemplo.”

Rede de Empreendedores LGBTs

Ao longo da semana, outras atividades serão realizadas, como um Encontro de Empreendedores LGBTs, que acontece no sábado (19), às 17h, no Espaço Ocitocina.

“Este encontro faz parte de mapeamento que fizemos pela ONG Dom da Terra. Pudemos entrar em contato com estas pessoas e agora faremos uma rede de apoio e fortalecimento”, explica Jaccon, um dos responsáveis pelo mapeamento LGBTs Empreendedores.

Já no domingo (20), acontece, às 18h, um ato inter-religioso contra a LGBTfobia na Capela São Tiago, em Curitiba. O evento é parte de uma programação que ocorre durante toda a semana em Curitiba, organizada pelas  Ongs Appad, Dom da Terra e Grupo Trans Marcela Prado.

Perfil

1.326 pessoas que se reconhecem LGBT responderam a uma pesquisa virtual realizada em parceria por Grupo Dignidade, Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual e Aliança Nacional LGBTI.

Entre os entrevistados, 84,4% disseram já ter sofrido algum tipo de discriminação: 44,5% afirmaram ter sofrido discriminação indireta (olhares, falta de educação, entre outros); 33% relataram discriminação psicológica, como agressões verbais, por exemplo; e 6,9% afirmaram ter sofrido agressão física.

A pesquisa, realizada na cidade de Curitiba e Região Metropolitana em agosto de 2017, revela que 29,3% dizem terem sido discriminados(as) na rua; 23,2% na escola ou na faculdade; 23,1% em casa ou entre a família; 11,2% no trabalho; e 10,3% no comércio.

Em alguns casos, a mesma pessoa sofreu discriminação em mais de um desses locais. E, ainda, 53,8% afirmam que não são aceitos(as) ou não são totalmente aceitos(as) pela família.

Sobre como enfrentar o preconceito, 38,4% dizem saber que podem denunciar na delegacia; 13,3% dizem fazer denúncias pela internet e redes socais; e 10,3% dizem fazer as denúncias de ambas as formas. 33% afirmaram que nunca foram informados(as) sobre como denunciar homofobia, e 3,2%  disseram que mesmo que soubessem, não denunciariam.

Edição: Laís Melo