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A intervenção militar seria uma boa opção para o Brasil ?

Pedro Fassoni, cientista político e professor da PUC-SP reponde a questão do quadro

Ato de repúdio ao golpe militar de 1964 no centro do Rio de Janeiro
Ato de repúdio ao golpe militar de 1964 no centro do Rio de Janeiro - Fernando Frazão/ Agência Brasil
Pedro Fassoni, cientista político e professor da PUC-SP reponde a questão do quadro

Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito do ano de 2017, 1 em cada 3 brasileiros apoia a intervenção militar no Brasil. A maioria dos entrevistados tem mais de 45 anos. A faixa que está entre 45 e 59 anos representa 39,6% dos entrevistados, e os de 60 anos ou mais, representam 39,3%. 

Flávio, farmacêutico de 41 anos quer saber se a intervenção militar seria uma boa opção para o país. 

"Bom dia, meu nome é Flávio, eu tenho 41 anos, sou farmacêutico e eu queria fazer uma pergunta. A gente hoje vive em uma democracia, entre aspas, uma anarquia e comunismo, e eu queria saber se o militarismo seria uma boa opção para a gente. Pelo menos, ao meu ver, sim. Gostaria de perguntar isso."

"Oi Flávio, aqui é o Pedro Fassoni, sou cientista político e professor da PUC-SP. Respondendo à sua pergunta, eu entendo que há uma grande confusão aí, porque você diz que nós vivemos simultaneamente uma democracia, uma anarquia e o comunismo. Democracia é o governo do povo, a anarquia é a ausência de governo e o comunismo seria uma sociedade sem classes, onde o Estado também acabaria não existindo inclusive. Nós temos uma democracia bastante limitada, porque a  democracia significa governo do povo, e o povo de fato não está no governo, e suas vontades não são levadas em consideração pelos nossos representantes. Então, o militarismo não seria a solução evidentemente, porque a gente já teve uma experiência como essa, 21 anos de ditadura militar no Brasil, o resultado foi o aumento da concentração de renda, e de riqueza também, uma piora nos indicadores sociais, como na saúde e na educação, o Brasil pouco avançou, houve censura à imprensa, prisão arbitrária, cassação aos direitos políticos e mandatos parlamentares, execuções sumárias, ocultação de cadáveres, fechamentos de partidos políticos, enfim, houve um grande retrocesso e a gente não teve nada, absolutamente nada, a ganhar com aquilo tudo. Foi uma ditadura de classes, uma ditadura das diferentes frações da burguesia brasileira que se opuseram justamente à ascensão do movimento popular democrático progressista no começo dos anos 1960. Então, a solução para o Brasil não é mais autoritarismo, mas sim, ampliar os instrumentos de participação popular, sobretudo da participação popular direta. 

Edição: Guilherme Henrique