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PETROBRAS

Produção na Bacia de Campos deve ser retomada, defendem analistas

Governo Temer vem abandonando campos maduros de petróleo no Norte Fluminense

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Gestão de Pedro Parente, atual presidente da Petrobras, está voltada para mercado financeiro, afirma economista do Dieese
Gestão de Pedro Parente, atual presidente da Petrobras, está voltada para mercado financeiro, afirma economista do Dieese - Márcio RM/Petrobras

Relegada pelo governo de Michel Temer (MDB), a Bacia de Campos, no Norte Fluminense, é responsável por um dos grandes momentos na história da Petrobras, quando entre as décadas de 1970 e 1980 proporcionou o crescimento da empresa e gerou grande número de empregos. Em um segundo grande momento, já mais recentemente, foi também ali que ocorreram descobertas do pré-sal. 

Essa história é contada pelo coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), Tezeu Bezerra. “Não há alternativa, a não ser investir e acreditar na Petrobras. Temos tecnologia e o aparato necessário. Falta vontade política do governo, que está vendendo os seus ativos mais rentáveis e esquecendo, inclusive, o papel social que a Petrobras tem e deve ter”, explica. 

O petroleiro lembra que o debate voltou à tona a partir da greve dos caminhoneiros, que colocou em pauta a falta de investimentos na empresa como uma das razões para o aumento do combustível para o consumidor. “No final de 2014, a capacidade de produção nas refinarias era de 98%. Com Temer, caiu para 67%. Com a importação dos derivados, a Petrobras passou a ter menos lucro”. 

Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Iderley Colomini Neto explica que o governo vem colocando à venda os campos maduros, como o da Bacia de Campos, mas que o poder público procede de forma errada, já que estas áreas ainda são altamente produtivas. 

“A gestão de Pedro Parente, com Temer, na Petrobras, modificou a estratégia da empresa e se voltou para os grandes interesses internacionais e para o mercado financeiro. Os campos maduros estão em produção decrescente, mas são produtivos e tem alta rentabilidade de produção. Por isso, não podem ser colocados à venda”, analisa o técnico do Dieese. 

O desmantelamento da Petrobras no Brasil, e especificamente no Norte Fluminense, gera um efeito em cadeia que atinge em cheio uma série de empregos, carreiras e a economia do país. Colombini cita, como exemplo, a política de conteúdo local que foi deixada de lado por Temer. 

“Com Lula e Dilma, havia a exigência de um mínimo de conteúdo local e isso propiciava tanto o desenvolvimento de uma produção com maior teor de inovação tecnológica e conhecimento, como trazia investimentos principalmente para as regiões produtoras. Com Temer, a Petrobras compra máquinas e equipamentos no exterior e ainda passa a gerar empregos e conhecimento fora do Brasil”, critica o economista. 

Edição: Mariana Pitasse