Violação

Belo Monte não retira famílias de área alagada e atingidos fecham Transamazônica

Famílias impactadas pela barragem reivindicam imediata remoção para uma área com condições dignas de moradia

Brasil de Fato | Belém (PA) |
As famílias ocupam a sede do Ibama há 22 dias e nesta segunda-feira (30) decidiram bloquear a rodovia que dá acesso à usina
As famílias ocupam a sede do Ibama há 22 dias e nesta segunda-feira (30) decidiram bloquear a rodovia que dá acesso à usina - MAB

Famílias da lagoa Independente 1, reconhecidas como atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte, bloquearam, nesta segunda-feira (30), a BR 230, a rodovia Transamazônica em Altamira (PA). O bloqueio foi realizado ainda de madrugada em um perímetro que dá acesso à usina hidrelétrica.

Desde o dia 9 de julho as famílias ocupam a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no município.

Os moradores foram reconhecidos, no dia 13 de março deste ano, pela presidência do Ibama como atingidos por Belo Monte. Foi então determinado pela Justiça que a Norte Energia, administradora da hidrelétrica, remova as famílias e ofereça uma casa em um dos reassentamentos, indenização ou aluguel social, dependendo de cada caso.

Os moradores querem que a empresa cumpra com a determinação do Ibama / Foto: MAB - Altamira

Jackson Dias, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirma que as famílias se cansaram de esperar pelos prazos vencidos e agora chegaram ao seu limite.

“As famílias foram para a rodovia reivindicar a celeridade do processo de deslocamento delas da comunidade Independente 1, haja vista já estarem sofrendo os impactos de Belo Monte, pela questão do inchaço populacional, mas também do alagamento da comunidade”, argumenta.

Com a chegada do projeto, o custo de vida subiu e os preços dos imóveis para aluguel ficaram altos, o que fez com que muitas famílias passassem a morar em palafitas. Depois que que a barragem foi construída o nível de água da lagoa se modificou e a área passou a ficar permanentemente alagada. Sem esgotamento sanitário a lagoa virou um esgoto a céu aberto.

Em 2016 o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) esteve em Altamira e visitou a comunidade. Na época, recomendaram a imediata retiradas das pessoas. A delegação constatou diversas violações de direitos porque as pessoas estavam sendo expostas à extrema vulnerabilidade. Atualmente vivem 968 famílias na área.

Ainda de acordo com o MAB parte das famílias estão na rodovia e outra metade na sede o órgão ambiental.

A reportagem do Brasil de Fato procurou a assessoria de comunicação da Norte Energia, mas até o fim dessa edição não se pronunciaram.


 

Edição: Juca Guimarães