INTERNACIONALISMO

Via Campesina se solidariza com militantes em greve de fome pela liberdade de Lula

Em declaração, a organização camponesa faz um chamado para que outros países organizem ações de solidariedade

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Militantes que estão em greve de fome desde a última terça (31) seguram faixa em frente à sede do STF em Brasília
Militantes que estão em greve de fome desde a última terça (31) seguram faixa em frente à sede do STF em Brasília - Brasil de Fato

A Via Campesina, organização internacional camponesa que reúne dezenas de organizações na África, Europa, Ásia e América Latina, entre elas, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), divulgou uma nota nesta sexta-feira para prestar solidariedade aos militantes brasileiros que desde a última terça-feira (31) estão em greve de fome em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), para denunciar a arbitrariedade das decisões do poder judiciário que têm como objetivo manter na prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), em uma tentativa de impedir que Lula seja candidato na próxima eleição.

Além de prestar solidariedade aos manifestantes que, segundo a nota, "tiveram a clareza política e o compromisso de oferecer suas vidas pelo país e pelo seu povo", a Via Campesina faz um chamado às organizações integrantes e apoiadores em todo mundo para organizar atos públicos para respaldar a ação dos militantes brasileiros e visibilizar a luta pela democracia no país.

Leia a declaração na íntegra:

Seis integrantes da Via Campesina Brasil iniciaram, no dia 31 de julho, uma greve de fome por tempo indeterminado em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para exigir a liberdade de Lula e o respeito à democracia, após um golpe parlamentar que está demonstrando sua pior face da violência no último período.

Neste contexto, delegados e delegadas das organizações integrantes da Via Campesina da África, da Europa, da Ásia e toda a América Latina, reunidos na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, interior de São Paulo, manifestaram sua solidariedade com os/as militantes que estão em greve de fome para exigir justiça no Brasil, em um cenário de irregularidades e arbitrariedades.

Saudamos a valentia e a ousadia dos e das militantes das organizações integrantes da Via Campesina Brasil que, em meio a um clima de desvantagem e impunidade, tiveram a clareza política e o compromisso de oferecer suas vidas pelo país, pelo seu povo, para que a fome não volte a aprofundar as enormes contradições que o capitalismo constrói nos nossos territórios. Estamos orgulhosos de ter à frente da luta movimentos fortes na construção do internacionalismo no mundo, como o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento de Trabalhadores Rurais sem Terra (MPA), além de outras organizações que se somaram à convocatória da greve.

Como Via Campesina, condenamos toda as atrocidades que o povo brasileiro vive para encobrir interesses políticos e partidários que, através da força de uma lei burguesa, racista e machista, a violência, a privatização dos bens nacionais, impõem aos mais pobres o desemprego e a miséria e, portanto, a falta de concretização da reforma agrária e da soberania alimentar com a agroecologia.

Por último, responsabilizamos os poderes institucional do Brasil pela vida das nossas companheiras e nossos companheiros que estão em greve de fome. Do mesmo modo, convocamos as nossas organizações, amigos e aliados para fazer ações nas embaixadas brasileiras em seus países, pois todas as manifestações de solidariedade são indispensáveis para denunciar a grave situação que vive o país.

A solidariedade é a ternura dos povos!

Lutar, construir Reforma Agrária popular!

Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!

Via Campesina, Harare, Zimbábue, 03 de agosto.

Edição: Via Campesina | Tradução: Luiza Mançano