Greve de fome

Prêmio Nobel da Paz presta solidariedade aos militantes que realizam greve de fome

Adolfo Pérez Esquivel destacou “judicialização dos governos progressistas” e importância da união latina

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Ativista Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980, durante visita aos grevistas de fome, em Brasília
Ativista Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980, durante visita aos grevistas de fome, em Brasília - Adilvane Spezia | MPA e Rede Soberania

Os sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome em Brasília (DF) receberam, na tarde desta segunda-feira (13), a visita do ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980. 

Na ocasião, Esquivel destacou o caráter político da prisão do ex-presidente Lula (PT), um dos pontos da pauta dos grevistas, e ressaltou a importância da pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para que haja a libertação do petista.

Além disso, o ativista afirmou que a situação do Brasil exige uma análise pautada no atual contexto latino.

“Em toda a América Latina se está aplicando a mesma metodologia: judicializar os governos progressistas, que é montar campanhas publicitárias para desprestigiá-los e impedir que cheguem novamente ao poder”, completou, ao destacar a situação de Honduras, Paraguai e Equador e o avanço das grandes corporações estadunidenses sobre esses territórios.

Nesta terça-feira (14), Esquivel tem uma reunião agendada com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. À imprensa, ele afirmou que pretende reforçar o coro pela libertação de Lula.

“Vamos falar de várias coisas. Primeiro, que da Justiça deve partir justiça, e não injustiça. Depois, assinalar que Lula é um preso político, e isso até mesmo as Nações Unidas já reconhecem”, destacou.  

Em conversa com os grevistas, ele também se comprometeu a pressionar a ministra para que ela receba os sete militantes. No último dia 7, o grupo oficiou cada um dos 11 magistrados da Corte, pedindo uma audiência para tratar da pauta da greve, mas, até o momento, apenas o ministro Ricardo Lewandowski atendeu a solicitação.

Unidade latinoamericana

Durante a visita aos grevistas, Esquivel compartilhou a preocupação com as diferentes consequências do avanço neoliberal na América Latina.

“A recolonização continental está aumentando a pobreza, a fome. A fome é um crime. E estão privatizando as empresas, então, isso é a perda da soberania nacional. Estão recolonizando o continente”, disse.

Ele também ressaltou a importância da união dos países da América Latina para lutar contra os retrocessos.

“Partindo do consenso, daquilo que nos une. A diferença nós podemos ir trabalhando  depois, mas primeiro a unidade. Primeiro, a unidade para nos salvar, pra deixarmos de ser dependentes, sairmos dos partidarismos políticos para pensar no povo”, afirmou.

A resistência também foi destaque no discurso do ativista, que celebrou a iniciativa da greve de fome e as outras ações dos segmentos populares no atual cenário nacional.

Ainda na manhã desta segunda-feira, Esquivel esteve na Marcha Nacional Lula Livre e acompanhou duas das três colunas de trabalhadores que integram o movimento.

“Por que lutamos? Há uma só palavra: Lutamos pela liberdade. Não nos convencemos de ser escravos. Queremos ser homens e mulheres livres, por isso estamos aqui. É fundamentalmente isso”, enfatizou.

A militante Sônia Mara, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destacou a relevância do apoio do ativista como combustível para incentivar a luta internacional por direitos.

“Hoje o capital está se reorganizando em todo o  mundo porque está em crise, então, a nós, ao povo trabalhador, também cabe esta tarefa de nos recolocarmos nessa conjuntura pra construir o projeto dos trabalhadores, pra sermos livres e felizes”.  

Edição: Cecília Figueiredo