Paraná

Eleições 2018

Eleição de pai para filho

Muitos candidatos a deputado estadual do Paraná pertencem a famílias que dominam a política paranaense há décadas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
As cadeiras da Alep, palco de manifestações populares, são ocupadas, em grande parte, por deputados com relação de parentesco entre si
As cadeiras da Alep, palco de manifestações populares, são ocupadas, em grande parte, por deputados com relação de parentesco entre si - Joka Madruga

Na Assembleia Legislativa do Paraná, em 2014, dos 54 deputados estaduais eleitos, segundo pesquisa do professor Ricardo de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná, sete apresentavam parentesco com famílias que estão na política há muito tempo no Estado. São eles, Thiago Amaral, Paulo Litro, Requião Filho, Maria Victoria Borghetti Barros, Felipe Francischini, Claudia Pereira e Alexandre Guimarães. “Significam quase 13% do total da Assembleia, mostrando que a renovação parlamentar foi uma ´renovação´ dentro da reprodução familiar estabelecida“, explica.  

2018: mais parentes 

Neste ano, entre os novos candidatos é possível identificar mais filhos e netos de políticos. O PSDB é o partido com mais exemplos, como Marcello Richa, filho do ex governador Beto Richa, que foi preso juntamente com a esposa, Fernanda Richa, e o irmão Pepe Richa. Outro caso do candidato é Luiz Haully Filho, filho do deputado federal Luiz Carlos Haully. No MDB, além de Requião Filho, há também Anibelli Neto, filho de Antonio Martins Anibelli, deputado estadual e federal com nove mandatos.

Segundo Oliveira, esse modelo arcaico tem consequências graves para o Brasil: "A desigualdade social é mais um produto da desigualdade familiar na representação do poder político, em que famílias e grupos da classe dominante controlam e hegemonizam o poder político, em detrimento de grupos sociais excluídos da classe trabalhadora, do campesinato, dos pobres, negros, mulheres e muitos outros grupos.” 

Escolha de deputados é tão importante quanto de governador

São os deputados que aprovam leis decidindo o orçamento estado, se o dinheiro será aplicado em saúde, educação, segurança ou vai para outros lugares. Que votam se o funcionalismo terá reajuste de salário ou não, entre outras coisas. Normalmente, os trabalhadores têm poucos deputados que defendem seus interesses e os governadores fazem o que querem na Assembleia.

Por isso é tão importante escolher o deputado estadual quanto o governador do Estado. Veja o que seu candidato fez nos últimos anos, se esteve envolvido em corrupção, quais projetos defende. Vote em deputados que defendam os direitos dos trabalhadores, saúde e educação públicas e de qualidade para todos, segurança com respeito aos direitos humanos, melhoria da qualidade de vida pros mais pobres, mais justiça social, entre outros pontos. 

 

Edição: Laís Melo