Eleições 2018

Historiadora prevê que o Nordeste vai resistir ao fascismo nas urnas

Patrícia Valim avalia que a região mais beneficiada pelas políticas sociais do PT deve dar resposta ao avanço do ódio

Brasil de Fato | São Paulo |
Ato de encerramento da campanha de Fernando Haddad (PT), em Feira de Santana (BA), neste sábado (6)
Ato de encerramento da campanha de Fernando Haddad (PT), em Feira de Santana (BA), neste sábado (6) - Foto: Ricardo Stuckert

Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, a historiadora e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Patrícia Valim, afirmou que a onda de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) encontrará uma forte resistência na região Nordeste.

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, escolheu a Bahia para encerrar a campanha presidencial neste sábado (6), ao lado do favorito para ganhar o governo do estado ainda no primeiro turno, o governador Rui Costa (PT). 

Segundo Valim, é preciso diferenciar a expressão do lulismo na região Nordeste e em outras regiões do país. “Em alguns estados do Nordeste o Haddad é predominante. O lulismo no centro-sul e aqui são coisas diferentes. E o golpe produziu esse surgimento dessas lideranças fascistas, mas sobretudo no centro-sul, no Nordeste não. Acho que o Nordeste sabe o que é, porque sente na pele. A primeira região que sentiu os efeitos das medidas do governo Temer foi o Nordeste”.

De acordo com dados do Ibope, o candidato do PT ganha em sete dos nove estados da região. Ciro Gomes lidera a intenção de voto em seu estado, o Ceará. “As pesquisas têm mostrado que os candidatos do campo progressista, incluindo o Ciro, têm predominância, destaca”.

Valim afirma que as manifestações do dia 29 de setembro contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) contribuíram, por um lado, para que os apoiadores do candidato se empoderassem para responder ao seu modo, mas por outro, devem seguir pautando as eleições até o segundo turno. 

“O #EleNÃO é um movimento que foi muito forte no Nordeste. Aqui em Salvador, fizemos uma manifestação com 100 mil mulheres. Nacionalmente, foram mais de 3 milhões de mulheres. E somos mais da metade dos eleitores. Não há projeto que não passe pelas demandas do 29 de setembro”. 

Para a historiadora, a tarefa de ganhar as ruas passa pela capacidade de unidade dos setores democráticos e progressistas para derrotar o fascismo. “Eu acho que era preciso construir uma frente antifascista agora, no primeiro turno. Mas eu espero que na segunda-feira a gente possa ver Haddad, Ciro, Manuela, Boulos, todos juntos numa campanha bonita. A gente precisa ter uma frente boa e forte”.

Edição: Diego Sartorato