ELEIÇÕES

Artigo | A face horrenda da nova extrema direita

É preciso ir além do momento e organizar-nos socialmente para resistir em todos os espaços onde o povo brasileiro esteja

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Milhões de pessoas em todo o Brasil já foram às ruas em atos contra o fascismo
Milhões de pessoas em todo o Brasil já foram às ruas em atos contra o fascismo - Foto: Alexandre Garcia

O Brasil adentra a campanha de segundo turno com uma evidente ameaça protofascista através do candidato favorito, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Na esteira da “onda conservadora” que o cerca, a minúscula legenda se transforma na segunda maior bancada do Congresso, contando com parlamentares que beiram o grotesco degenerado. Tem ator pornô, apresentador de TV local, âncoras do PIG, passando até pela decadente extinta realeza do segundo reinado. Alguns podem falar que se trata da “renovação da política”, mas vejo como um jogo de oportunidades, onde o pior do país ganhou nova roupagem.

As subcelebridades da nova-extrema-direita foram também impulsionadas pela estrutura das empresas de exploração da fé alheia, autodenominadas “igrejas”. Especificamente falo dos ‘’conglomerados econômicos comandados por “pastores”, que pregam a Teologia da Prosperidade e uma mescla de adoração ao Bezerro de Ouro e um culto ao individualismo burguês como forma de sobrevivência na pobreza metropolitana. O “novo normal” da política é o discurso do “sagrado”, como forma de alimentar a guerra cultural, cujo ícone maior é um ex-astrólogo auto exilado nos Estados Unidos, o patético Olavo de Carvalho.

Por mais que pareça ridículo e absurdo (e de fato é), também é a soma de todos os medos vindos da latrina da política mesclada com a sarjeta da alta sociedade. Uma parte relevante dos especuladores e do empresariado se somou nesta aventura restauradora e reacionária e hoje babam de ódio contra as conquistas populares. As acusações de crime eleitoral por abuso de poder empresarial nos locais de trabalho passaram de 120 até a quinta-feira anterior ao pleito de 7 de outubro. Imaginem o que vem por aí?

Mas não basta constatar a face horrenda da direita desavergonhada do mal banalizado. É preciso ir além do momento e organizar-nos socialmente para resistir em todos os espaços onde o povo brasileiro esteja. Como diz a letra do poeta Zé Pinto: “porque nós somos a maioria e vai chegar o dia de um novo amanhecer!”.

Bruno Lima Rocha é cientista político

Edição: Marcelo Ferreira