Acuada

Haddad cobra reação da Justiça contra ameaças de Bolsonaro à oposição e a jornalistas

Petista criticou a demora do julgamento pelo TSE: "Quando o fascismo ameaçou e a Europa acordou, era tarde"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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 Haddad participou de agenda com catadores de material reciclável na Cooperativa Coopamare, em São Paulo (SP)
Haddad participou de agenda com catadores de material reciclável na Cooperativa Coopamare, em São Paulo (SP) - Ricardo Stuckert

O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) pediu reação rápida das instituições por “atos intimidatórios” promovidos pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) contra a oposição e jornalistas.

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A declaração foi feita nesta segunda-feira (22) em São Paulo (SP), durante agenda do presidenciável com catadores de material reciclável na Cooperativa Coopamare.

Um dia antes, seu oponente no segundo turno prometeu uma "faxina" e que "marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria", se eleito. A fala de Bolsonaro foi transmitida por vídeo em um ato na avenida Paulista, no domingo (21).

"Ele está dizendo que se ganhar as eleições não haverá espaço para a oposição no Brasil. Ou a gente acorda para esse problema essa semana e coloca de lado essa tradição autoritária, ou vamos correr riscos, inclusive físicos — se a gente não alertar o País que a oposição, jornalistas, juízes e ministros estão sendo ameaçados antes mesmo do pleito terminar”, afirmou o petista.

"Morosidade"

Haddad criticou a demora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no julgamento das ações impetradas contra Bolsonaro, por recebimento de caixa 2 e por prática de calúnia e difamação. A campanha do candidato de extrema direita foi acusada de receber R$ 12 milhões de empresas para financiar a disseminação de notícias falsas contra o PT nas redes sociais.

A repórter da Folha de S. Paulo que denunciou a prática de corrupção da campanha do PSL, a jornalista Patrícia Campos Mello, recebeu ameaças na internet.

O petista criticou o posicionamento da ministra Rosa Weber, presidenta da Corte Eleitoral, em entrevista coletiva no domingo (21). Weber afirmou que o TSE ainda não descobriu "o milagre" para combater as fake news. Haddad pediu um mandado de busca e apreensão contra as empresas envolvidas no escândalo.

"O WhatsApp está ajudando mais do que a Justiça banindo as 100 mil contas robôs. Ela talvez não tenha compreensão do que é a tecnologia, o STF é analógico demais", afirmou Haddad.

O presidenciável disse não compreender a espera do tribunal.

"Se todo mundo sabe que teve fraude no primeiro turno, com dinheiro sujo de caixa 2 para bombardear as redes sociais com mensagens falsas, por que está se esperando?", questionou o petista. "Quando o nazismo, fascismo e salazarismo ameaçaram e a Europa acordou, foi tarde demais”, comparou o ex-ministro da Educação.

Haddad contestou ainda a autoridade do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, no processo eleitoral. “As instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas. O que o Etchegoyen [general da reserva] tinha que estar dando entrevista do lado da Rosa Weber? Qual autoridade que ele tem no TSE?".

O candidato do PT também repercutiu as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável do PSL, de que para fechar o STF seria necessário apenas “um soldado e um cabo”. Haddad antecipou que estão sendo estudadas “ações cabíveis”.

Fake news

Haddad aproveitou a ocasião para denunciar o furto de uma bíblia, na mesma ocasião que o aparelho celular de um dos assessores do Instituto Lula. O petista não descartou a possibilidade de infiltrados nas atividades públicas de sua campanha.

O vídeo de acusação contra Haddad foi feito pelo deputado estadual eleito André Fernandes (PSL-CE), do mesmo partido do Bolsonaro. "Está viralizando esse vídeo. Essa turma é de milicianos. Esse pessoal é muito perigoso. São milicianos tentando tomar o poder pela força. Estão intimidando as pessoas e intimidando as instituições. As instituições têm que reagir", defende.

Propostas

Em relação à política de gestão de resíduos sólidos, o petista prometeu expandir a experiência de centrais mecanizadas de reciclagem, como foi feito durante sua administração na Prefeitura de São Paulo. Ele se posicionou contra a incineração de resíduos sólidos e se comprometeu a ampliar o apoio financeiro às cooperativas de catadores. 

Edição: Cecília Figueiredo