Saúde

Rede de Médicos Populares recebe Prêmio Sérgio Arouca

Trabalhadores da Fiocruz homenageiam lutadores dos direitos humanos e da saúde pública

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Hugo Crasso, da Rede de Médicas e Médicos Populares, atua em Clínica de Família em São Cristovão, no Rio de Janeiro
Hugo Crasso, da Rede de Médicas e Médicos Populares, atua em Clínica de Família em São Cristovão, no Rio de Janeiro - Foto: Mario Cesar

A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares recebeu, na última quarta-feira (24), o Prêmio Sérgio Arouca de Saúde e Cidadania durante a cerimônia de entrega da Medalha Careli a representantes da resistência e luta no País, evento organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc/Fiocruz).

A programação, organizada em meio às celebrações pelos 30 anos da Constituição Federal e da criação do Sistema Único de Saúde, e também dos riscos que afetam as liberdades democráticas e de conquistas sociais o processo eleitoral no Brasil, “demonstra todo o poder da solidariedade e dos laços que nos unem em defesa da vida, dos direitos humanos, da saúde e da cidadania”, afirma texto divulgado pela categoria.

Para o médico paraense, Hugo Crasso do Nascimento, que atua em clínica de família em São Cristovão, no Rio de Janeiro, e integra a Rede de Médicas e Médicos Populares, “é uma honra grande estar [compartilhando] esse espaço com grande parte dos lutadores e lutadoras da saúde pública do país”.

Representando a RNMMP, Crasso recebeu o prêmio das mãos da doutora em Saúde Pública Lúcia Souto, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), pelo trabalho que vem desenvolvendo em defesa da saúde pública.

“Esse reconhecimento tem um peso muito importante para a história da Rede – criada há cinco anos – e ganha uma proporção distinta num momento em que estamos vivendo, de afronta aos direitos sociais, de afronta ao SUS, ao direito à saúde. Tem uma simbologia de resistência e de perspectiva para avançar nos desafios que temos pela frente, para a construção do SUS, na atenção primária, secundária e terciária”, enfatizou o médico popular, ao lembrar da crise que a saúde no Rio de Janeiro vem atravessando pelos cortes de verbas no orçamento, afetando a garantia de insumos, medicamentos, pagamento de funcionários e, consequentemente, o atendimento à população.

Segundo Crasso, há uma ausência no diálogo com a gestão municipal de Marcelo Crivella, que se nega à abertura para negociação com o sindicato e de debater sobre a reformulação da atenção primária no Rio de Janeiro.

“Teve uma paralisação na terça-feira [23] e com ato na prefeitura e eles [gestores] sequer receberam o comando de greve. A proposta deles [governo de Crivella] é a reconfiguração de equipes para abandonar a Estratégia Saúde da Família e voltar ao modelo antigo de UBS, que não se propõe ao cuidado integral”, explicou.

Marielle vive

Durante a cerimônia da Asfoc, foram homenageados os familiares da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em março; assim como as famílias de Matheus Melo e Marcos Vinícius, ambos assassinados pelas polícias militar e civil.

Mychelle Alves, vice-presidente da Asfoc, lembrou a luta da vereadora contra a violência e pelas minorias, levantando uma placa em homenagem a Marielle Franco, como a que foi destruída por dois candidatos do PSL.

O Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania também foi conferido ao pesquisador Francisco Menezes, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), e ao médico Antônio Carlile Lavor (Fiocruz Ceará).

Um de vocês

Reinaldo de Menezes Martins, médico e consultor científico de Biomanguinhos, agradeceu: “Esse prêmio significa: você é um dos nossos, e eu sou um de vocês”.

Para o presidente do Sindicato, Paulo Garrido, os valores da civilização irão derrotar a barbárie, o obscurantismo e a censura. “Vamos nos manter na luta em defesa da vida. Pela construção de um país inclusivo, próspero e soberano. Vamos defender a Fiocruz. Instituição da ciência, patrimônio do Brasil, que trabalha pela dignidade humana para todos”, afirmou.

Um minuto de silêncio foi feito em memória do ex-presidente da Fiocruz, o pesquisador Luiz Fernando Ferreira que faleceu recentemente. Ao lado de Maria Careli, mãe de Jorge Careli, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, homenageou o pesquisador Luiz Fernando.

Acesse o vídeo da premiação

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* Com informações da Asfoc

Edição: Diego Sartorato