Oriente Médio

Declaração de Bolsonaro faz Egito cancelar agenda com chanceler brasileiro

O governo do Egito cancelou nesta segunda-feira (05) a recepção de uma comitiva da qual faria parte Aloysio Nunes

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O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, chegaria ao Cairo nessa quarta-feira (07)
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, chegaria ao Cairo nessa quarta-feira (07) - Sérgio Lima/AFP

Às vésperas de o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, chegar ao Cairo para uma visita oficial, o governo do Egito cancelou a agenda, por conta da declaração do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

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O ministro das Relações Exteriores desembarcaria na quarta-feira (7) na capital egípcia e teria compromissos entre os dias 8 e 11 de novembro. No entanto, o gabinete do ministro confirmou que o governo brasileiro foi informado pelo Egito que a viagem teria que ser cancelada por mudança na agenda de autoridades do país. Não é comum, contudo, no protocolo da diplomacia desmarcar viagens em cima da hora. 

Diplomatas brasileiros compreenderam o gesto como uma retaliação às declarações recentes do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ele disse que pretende reconhecer Jerusalém como capital de Israel e que irá transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para a cidade, o que tem desagradado a comunidade árabe.

Fontes dão conta de que a Liga dos Países Árabes enviou inclusive uma nota à embaixada brasileira no Cairo condenando as declarações do presidente eleito. Um grupo de empresários brasileiros já tinha chegado ao Egito para acompanhar o chanceler.

Analistas avaliam que a mudança da embaixada pode prejudicar a economia brasileira e acaba envolvendo o país em uma disputa regional. Os países árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. 

O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, queixou-se das repercussões que as declarações de Bolsonaro podem ter. "Já tivemos ruídos com a [Operação] Carne Fraca e com a paralisação dos caminhoneiros, mas conseguimos superar". Para Hannun, porém, a questão da embaixada é algo muito mais forte e sensível.

*Com informações de agências de notícias.

Edição: Portal Vermelho