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Lei do desemprego pode ser votada na próxima semana em Curitiba

Proposta do prefeito é eliminar cobradores nos ônibus na capital e região metropolitana demitindo 6 mil pessoas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Mesmo que o projeto que elimina os cobradores em Curitiba passe na Câmara dos Vereadores, o preço das tarifas de ônibus não cairá.
Mesmo que o projeto que elimina os cobradores em Curitiba passe na Câmara dos Vereadores, o preço das tarifas de ônibus não cairá. - Giorgia Prates

O projeto da prefeitura de Curitiba de acabar com os cobradores no sistema de ônibus de Curitiba terá uma semana decisiva no começo de dezembro. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana, Sindimoc, acredita ter maioria na Câmara dos Vereadores contra o projeto e quer pautar votação de regime de urgência na próxima segunda-feira, dia 3, e tentar derrotar o prefeito Rafael Greca. 

Para Gláucio Dias, chefe da comunicação do Sindmoc, o momento é favorável. “Porque há um clamor popular, a opinião pública está do nosso lado, temos apoio dos usuários, é uma luta em que está todo mundo junto”, afirma. E garante que o sindicato tem o compromisso de 22 vereadores para enterrar o projeto. 

Já para Jarbas Maranhão, da oposição do sindicato, é muito arriscado e não há necessidade de fazer isso agora. “O projeto está tramitando, mas não em regime de urgência, normalmente seria votado em fevereiro ou março, depois do recesso no final do ano. Teria um tempo melhor para discutir isso e trazer a sociedade para o debate”, diz, afirmando que se for para votação agora, o projeto pode passar porque o prefeito, “Queira ou não tem maioria na Câmara.” 

O que diz o projeto 

O projeto de Greca prevê a implantação da bilhetagem eletrônica em todo sistema de ônibus de Curitiba, afetando também a Região Metropolitana. Para o Sindmoc, seis mil pessoas perderiam seu empregos.  

Gláucio Dias argumenta que há mais de 12 milhões de desempregados no Brasil e 500 mil no Paraná, sendo 200 mil na região Metropolitana. “Não podemos admitir mais pessoas na fila do desemprego. Há famílias aqui em que o pai e a mãe são cobradores, como é que vão ficar?” E argumenta que em cidades em que acabaram com os cobradores houve grande desemprego. 

Procurada, A URBS, que controla o sistema de transporte público da cidade de Curitiba, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que apenas seu presidente pode tratar desse tema e que não estaria disponível para entrevista. Mas enviou nota em que diz que “a bilhetagem eletrônica é prevista para ser feita de forma gradativa, ao longo de quatro anos, sem demissões, aproveitando as saídas naturais dos cobradores do sistema, seja por aposentadoria ou por pedidos de demissão.”

Eleições no sindicato 

Nesta quinta, dia 29, acontece nova eleição para a direção do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana, Sindimoc. Por decisão do desembargador Cássio Colombo Filho, da Justiça do Trabalho, a primeira votação, vencida pela atual diretoria, teve de ser refeita por irregularidades como prazo exíguo na convocação e inobservância das regras estabelecidas no estatuto e ausência de listas dos locais de votação completas. A nova eleição terá fiscalização do Ministério Público do Trabalho. 

Sem cobrador, preço da passagem não cai 

Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, o presidente da URBS, Ogeny Maia Neto, afirmou que mesmo que o projeto que elimina os cobradores em Curitiba passe na Câmara dos Vereadores, o preço das tarifas de ônibus não cairá para a população. 

Diz que hoje há subsídio de R$ 0,80 na passagem, com a diferença sendo coberta pela URBS com recursos do governo estadual por causa da integração com as linhas da Região Metropolitana. E que com a eliminação dos cobradores, apenas novos reajustes poderiam demorar mais. 

Edição: Laís Melo