Paraná

Exemplos

Países ricos são os que mais investem em arte

Brasil é dos países que menos investe em arte, afirma o pesquisador de políticas públicas de cultura, Ulisses Galetto

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Ulisses Galetto, além de pesquisador da área cultural, é músico
Ulisses Galetto, além de pesquisador da área cultural, é músico - Arquivo pessoal

Apesar de ser um dos países mais ricos culturalmente, o Brasil é um dos que menos investe em arte, indo na contramão do que fazem, por exemplo, Estados Unidos e França, que reservam grande parte dos recursos públicos para o setor cultural. Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Paraná, o pesquisador de políticas públicas de cultura, o músico Ulisses Galetto, analisa porque o Brasil não dá a devida importância à arte e cultura. 

Brasil de Fato  Paraná – Parece que no Brasil a cultura não é encarada como política estratégica. O que precisa ser feito para mudar isso? 

Esse falta de reconhecimento da cultura e arte está diretamente ligada à qualificação dos gestores, às pessoas para as quais damos nosso voto. Isso é fruto de certa ignorância sobre o setor. As pessoas simplesmente não compreendem que investir em cultura dá retorno para a sociedade muito maior que indústria ou outras áreas em que o Estado investe pesado.

BdFPR - Você em seus estudos analisou políticas de cultura de outros países. Poderia dar exemplos?

Há inúmeros exemplos, mas fiquemos em dois. O primeiro é o país que detém 25% das riquezas do mundo, os Estados Unidos. Lá a arte e cultura são a segunda fonte de divisas, ficando apenas atrás de armas e guerra. Existe um investimento público pesado e de uma maneira diferente do que acontece aqui, pois é descentralizado. São distribuídos recursos entres os estados. Eles sabem desde o início do século XX que o investimento em cultura dá muito retorno financeiro e, claro, no caso deles, há também ganho ideológico.

Outro exemplo é a França, a quinta economia do mundo. Em 2018, teve orçamento de 10 bilhões de euros e a cultura é a terceira fonte de divisas. O ex-ministro da cultura francês, André Malraux, em 1957, ao ser questionado o que precisaria para criar o Ministério da Cultura, respondeu que dez anos seriam necessários para que os gestores pudessem ser qualificados. E deu no que deu.

BdFPR - Por que investir em arte e cultura é importante?

Porque estamos investindo no que somos, além do aspecto financeiro. O dinheiro é o que parece chamar atenção dos que estão no poder. Então, se é sobre dinheiro que eles falam, vamos aos dados. Os estudos mais pessimistas dizem que a cada dólar investido volta 0,9 dólar para a sociedade. Os mais otimistas dizem que a cada dólar investido, volta 1,5 dólar. Ganha-se dinheiro, lucra-se com investimento em arte e cultura. 

Edição: Laís Melo