AMÉRICA DO NORTE

Número de migrantes apreendidos ao entrar nos EUA pelo México é o maior desde 2007

Novos dados devem servir para engrossar discurso contra imigração adotado por Trump desde que assumiu o cargo, em 2017

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Maior parte dos migrantes vem de Honduras, El Salvador e Guatemala, países localizados no chamado Triângulo Norte da América Central
Maior parte dos migrantes vem de Honduras, El Salvador e Guatemala, países localizados no chamado Triângulo Norte da América Central - Foto: Julio Cesar Aguilar/AFP

Dados da Agência de Alfândegas e Proteção de Fronteiras (CBP, em inglês) divulgados nessa terça-feira (5) apontam que mais de 76 mil pessoas foram barradas ao tentar entrar nos Estados Unidos pela fronteira com o México em fevereiro de 2019. O número é o maior registrado desde o mesmo mês de 2007, quando 79 mil imigrantes sem documentação foram impedidos de entrar em território norte-americano. 

Segundo a CBP, em fevereiro, 66.450 pessoas foram apreendidas tentando cruzar a fronteira sul dos EUA sem passar pelo sistema de controle migratório, o que representa um aumento de 38,5% em comparação a janeiro e de 149% em relação a fevereiro de 2018. Além disso, 9.653 imigrantes que buscavam entrar legalmente no país foram barrados.

Com os novos dados, o número total de pessoas que tentaram entrar nos EUA nos cinco primeiros meses do ano fiscal de 2019 – iniciado oficialmente em outubro de 2018 – é de 318.407, o que representa um aumento de 70,2% em relação ao mesmo período do ano fiscal anterior. 

A maior parte dos migrantes chega de Honduras, Guatemala e El Salvador, países localizados no chamado Triângulo Norte da América Central. As primeiras caravanas de 2018 com destino aos EUA partiram de Honduras em março do ano passado. A maioria das famílias busca fugir da pobreza e violência em seus países de origem. 

Declaração de emergência

Os novos números divulgados nessa terça-feira devem servir para engrossar o discurso contra a imigração adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2017.

Em 15 de fevereiro deste ano, o mandatário estadunidense deu sua mais recente cartada, ao decretar emergência nacional com o objetivo de conseguir manejar recursos para a construção de um muro na fronteira com o México. Promessa de campanha de Trump, a construção da barreira enfrenta resistência do Congresso e também dos governos estaduais.

Na última terça-feira (26), a Câmara dos Deputados norte-americana, de maioria democrata, aprovou uma medida que barra a declaração de emergência. Para valer, a proposta deve passar agora pelo Senado, que, embora tenha maioria republicana, também deve se posicionar contra a medida decretada pelo mandatário do país.

Além disso, uma coalização formada por 16 estados norte-americanos entrou com uma ação contra o decreto anunciado por Trump, justificando que é papel do Congresso administrar os gastos do país.

O governo Trump recebe fortes críticas da oposição e de organizações de direitos humanos desde que passou a adotar uma política de “tolerância zero” aos imigrantes que chegam pela fronteira sul. As objeções ganharam força desde que foi divulgado que a gestão do republicano estava separando crianças de seus pais ou responsáveis que tentavam entrar nos Estados Unidos. 

Segundo dados oficiais divulgados por autoridades norte-americanas, 2.737 crianças haviam sido separadas de seus responsáveis desde que a política de tolerância zero passou a ser adotada. No entanto, um relatório do Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Saúde e Serviços Humanos divulgado em janeiro deste ano contesta o número apresentado. A auditoria concluiu que ao menos outras mil crianças não foram contabilizadas no primeiro balanço.

Edição: Aline Scátola