Venezuela

CNN revela informações exclusivas sobre atentado contra Maduro em agosto de 2018

Há seis meses, o presidente venezuelano foi alvo de um ataque com drones durante um evento das Forças Armadas no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem sido alvo de ataques nacionais articulados com apoio internacional
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem sido alvo de ataques nacionais articulados com apoio internacional - Foto: Prensa Presidencial

A emissora estadunidense CNN divulgou uma série de informações obtidas sobre o atentado contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em agosto de 2018, durante um evento de celebração de aniversário da Guarda Nacional Bolivariana.

Os detalhes sobre o ataque, divulgados nessa quarta-feira (14), foram fornecidos por um de seus supostos organizadores, que contatou o canal televisivo para dar declarações. Além disso, ele disponibilizou alguns vídeos gravados com celulares que mostravam o treinamento com os drones utilizados no ataque a Maduro.

O atentado, que ocorreu há seis meses, é a primeira tentativa de matar um chefe de Estado usando essa tecnologia.

Na época, o governo venezuelano confirmou que o atentado foi realizado por opositores, como declarou Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação. “Esse é um atentado contra a paz da República, um ato que evidencia o desespero que já vinha sendo denunciado por nós diante das últimas declarações de alguns porta-vozes da extrema direita venezuelana”, disse o ministro logo após o atentado.

Na ocasião, meios de comunicação internacionais desqualificaram as provas oficiais apresentadas por Maduro do envolvimento da direita venezuelana no crime.

Consultado pela CNN, o deputado opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, declarou que se opõe a este tipo de ataque, mas que suspeitava que ele tinha sido forjado pelo governo. “Acredito que foi algo interno, armado pelo governo. Acaba fazendo com que se passe por vítima”, disse.

A posição de Guaidó em relação ao atentado foi compartilhada por John Bolton, assessor de segurança da Casa Branca, que afirmou, um dia após o atentado, que poderia ser uma “desculpa” inventada por Maduro.

No entanto, o homem entrevistado pela emissora norte-americana, que se encontra escondido na Colômbia, confirmou que o atentado frustrado foi realizado como uma das tentativas de colocar fim ao atual governo. “Esse foi um risco que tivemos que assumir”, declarou o venezuelano, cuja identidade está sob sigilo.  

Segundo o material divulgado pela CNN, o ataque foi planejado por integrantes da direita venezuelana e desertores da Força Armada Nacional Bolivariana.

Vídeo [em espanhol] divulgado pela CNN sobre o atentado realizado em agosto do ano passado

Os drones utilizados, produzidos nos Estados Unidos, foram comprados pela internet e adaptados com bombas caseiras, que foram detonadas próximas ao palco do evento, onde estava Maduro.

Apesar dos testes demonstrados nos vídeos, a tentativa de assassinato falhou, deixando apenas alguns feridos. Após o atentado, alguns envolvidos no crime foram identificados e estão presos. Outros, como o entrevistado, estão foragidos.

Na entrevista concedida à CNN, o venezuelano que participou do planejamento do atentado afirma que, após sua execução, ele e outros envolvidos se reuniram com representantes do governo dos Estados Unidos em três oportunidades, interessados nas informações sobre o ataque.

“Eles queriam obter dados e nós pedimos coisas em troca. Eles tomaram nota sobre isso e perguntamos se podiam ajudar. Então, eles simplesmente foram embora com suas anotações e nunca mais apareceram”.

Consultado pela emissora estadunidense, o governo dos EUA não quis comentar esses possíveis encontros.

Desde janeiro deste ano, quando Maduro tomou posse de seu novo mandato, os Estados Unidos têm aumentado sua ofensiva contra a Venezuela, por meio do acirramento das sanções econômicas e boicotes impostos, da pressão sobre seus aliados internacionais, e do apoio a líderes da direita local, como Juan Guaidó.

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Edição: Luiza Mançano