Paraná

Aposentadoria

Militares ganham aumento para entrar na reforma da previdência

Conta do que passam a pagar com o que vão receber muda pouco o resultado. Militares já são os mais privilegiados.

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Ato contra a reforma da Previdência em Curitiba, em 2018
Ato contra a reforma da Previdência em Curitiba, em 2018 - Gibran Mendes

Foi entregue na quarta-feira, 20, a proposta do governo Bolsonaro para a reforma da Previdência dos militares. Ao contrário dos outros trabalhadores, que só perdem com as novas regras, os militares ganham um “aumento” para que sua aposentadoria mude.  

Pelas novas regras, teriam uma “reforma” na carreira com aumentos que custariam R$ 86,85 bilhões em 10 anos para o governo. E haveria uma “economia” de R$ 97,3 bilhões, com saldo de cerca de R$ 1 bilhão por ano. 

Só como comparação, na entrega do projeto dos outros trabalhadores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que haveria superávit de R$ 1 trilhão. Ou seja, seriam retirados das aposentadorias dos outros trabalhadores R$ 100 bilhões a cada ano. Cem vezes a mais. 

Os militares já são os funcionários públicos mais privilegiados. Por exemplo, não contribuem sobre seus salários para a aposentadoria, apenas para a parte de pensões. Não à toa, representam hoje metade dos gastos da Previdência entre o funcionalismo público, embora sejam apenas 31% do total de funcionários.  

Os dados são do último Relatório de Acompanhamento Fiscal, divulgado pelo Senado. Pelo estudo, com dados de 2017, o governo federal gastou R$ 43,9 bilhões com pensões e aposentadorias para cerca de 300 mil militares e pensionistas, e R$ 46,5 bilhões para 680 mil servidores do regime civil. 

Dia Nacional de Luta em Defesa da Aposentadoria 

Na sexta-feira, 22, acontecem atividades em Curitiba em defesa da aposentadoria.  A concentração é às 9h na Boca Maldita, depois ocorre panfletagem e ato em frente ao INSS, às 11h, na Rua João Negrão, 11, centro. 

Quem mais perde na aposentadoria 

Na proposta apresentada por Bolsonaro de reforma da Previdência, todos os trabalhadores perdem, mas os mais prejudicados são as mulheres, os trabalhadores rurais e os professores. 

As mulheres teriam de trabalhar até os 62 anos, e para conseguir 100% de sua média salarial teriam de contribuir por 40 anos. Os trabalhadores rurais teriam que passar a contribuir por 20 anos, como valores praticamente impossíveis de alcançar na agricultura familiar, inviabilizando esse tipo de aposentadoria. E para os professores, praticamente acabaria a aposentadoria especial a que têm direito.  

Edição: Laís Melo