Prisão Política

"Se não fosse Lula, o processo estaria morto", diz procurador de Justiça após visita

Afrânio Silva Jardim representou em Curitiba (PR) um grupo de integrantes do MP em solidariedade ao ex-presidente

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Jardim afirma que não há provas contra Lula
Jardim afirma que não há provas contra Lula - Frédi Vasconcelos

Representando um grupo de promotores e procuradores de Justiça, Afrânio Silva Jardim, que esteve no Ministério Público por 31 anos, concedeu entrevista na saída da visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba (PR).

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O ex-promotor declarou que “falam em Operação Lava Jato como uma forma de blindagem. Prendem o Cabral no Rio de Janeiro, e não tem nada a ver com Lava Jato. Usam o nome como um carimbo. Se o tribunal soltar é porque é a favor da corrupção, é contra a Lava Jato. É uma estratégia da mídia, da direita do sistema financeiro, e muito bem articulada.”

Afrânio também disse que os tribunais e o Ministério Público "entram nesse jogo" por uma questão ideológica. “No MP, hoje, 60% são de direita ou de extrema direita. Muitos dos membros dos tribunais superiores também são de direita, anti-PT, antissocialistas e a questão política contamina a imparcialidade.” E concluiu, “Se não fosse o Lula, esse processo estaria natimorto há muito tempo. A denúncia poderia até ser rejeitada. É um processo patológico.”

Em relação ao aspecto técnico, ele diz que, se um aluno dele na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) tivesse feito a primeira denúncia contra Lula, estaria reprovado. “A denúncia é inepta, incompetente no sentido técnico. São várias questões absurdas, mas os tribunais fecham os olhos para isso”, comenta.

E explica que nessas denúncias não se sabe nem qual é a acusação. “Fica diluída, usam vários verbos, Lula aceitou, Lula adquiriu, Lula dormiu, Lula recebeu... A acusação é genérica e varia de acordo com os acontecimentos. No último depoimento, o ex-presidente foi se defender [e disse]: ‘O sítio não é meu’. [Então] a juíza falou que a acusação não era essa. Que estaria sendo acusado pelas ‘obras do sítio’. Mas então mudou a acusação? A acusação é genérica, ampla, kafkaniana.”

Sobre como vai se resolver isso, Afrânio diz não ter respostas no momento, mas comenta que “Lula não praticou um crime político, mas é um preso político. Porque a prisão e a manutenção da prisão dele são políticas”.

Edição: Aline Carrijo