Poder executivo

Lista: 46 polêmicas e controvérsias do governo Bolsonaro no mês de abril

Confusão entre aliados, decisões contraditórias: os "piores momentos" do Executivo federal em abril

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bolsonaro desagradou, ao mesmo tempo, opositores e aliados
Bolsonaro desagradou, ao mesmo tempo, opositores e aliados - Gabriela Lucena

Declarações controversas, confusões entre aliados, decisões contraditórias. Ao longo do último mês -- o quarto de seu governo --, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) colecionou polêmicas. Selecionamos 46 fatos e ações que deram o que falar em abril. 

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1. Bolsonaro em Israel

01/04 - O mês começou com Bolsonaro em Israel, e causando polêmica por lá. Ele não visitou a Palestina: visitou o Muro das Lamentações e abriu um escritório do Brasil em Jerusalém, sinalizando que reconhece a cidade como capital de Israel, o que já havia sido feito pelos Estados Unidos. O imbróglio pode causar um prejuízo gigante, porque a comunidade árabe -- que compra muito mais do Brasil do que Israel -- não gostou nada do que aconteceu.

2. Hamas

02/04 - Quem também não curtiu e criticou a visita de Bolsonaro a Israel foi o Hamas, organização islâmica que controla a Faixa de Gaza. Depois disso, o filho do presidente Flávio Bolsonaro postou em seu Twitter uma notícia sobre o grupo acompanhada do texto “Quero que vocês se explodam”, e apagou em seguida. O Hamas respondeu, chamando Flávio de “o filho do extremista presidente brasileiro”.

3. Livros escolares

03/04 - O então ministro da Educação, Ricardo Vélez, disse que pretendia retirar o termo "golpe militar" dos livros escolares. Os próprios militares se irritaram e ele voltou atrás.

4. Olavetes x militares

04/04 - O governo vive uma disputa entre as alas ligadas a Olavo de Carvalho e os militares. O Ministério da Educação foi o centro da disputa em abril -- embora o presidente tenha negado, pouco antes da queda do ministro Ricardo Vélez, que existisse qualquer embate.

5. IBGE

04/04 - Até o IBGE foi alvo de Bolsonaro este mês. Quando o instituto divulgou dados que mostravam aumento no desemprego, o presidente tentou desacreditar os dados e a metodologia utilizada pelo instituto.

6. “Não nasci para ser presidente”

05/04 - A frase, que causou insegurança nos próprios eleitores de Bolsonaro, é difícil de ser refutada.

7. Volta atrás

05/04 - “Não posso me arrepender de ter feito xixi na cama”, disse Bolsonaro. A declaração foi encarada como uma espécie de reedição do “esqueçam o que eu escrevi”.

8. Paraquedas

08/04 - As polêmicas e gafes não são exclusivas do chefe do Executivo. Em meio à crise entre o vice-presidente, a ala ligada a Olavo de Carvalho e os filhos de Bolsonaro, Mourão se atrapalhou e disse: “Sou que nem um paraquedas com Bolsonaro: estou com ele e não abro”.

9. Demissão

08/04 - Poucos dias depois de dizer que não desligaria o ministro da Educação, Ricardo Vélez, Bolsonaro anunciou sua demissão. A gestão era considerada caótica. Entrou no lugar outro indicado por Olavo de Carvalho, o professor Abraham Weintraub.

10. TV pública

09/04 - O anúncio da fusão da TV Brasil, emissora pública, com a NBR, canal do governo federal, pode significar o fim da TV pública no país.

11.  Petrobras

12/04 - Abril também teve polêmicas envolvendo a Petrobras. Na dúvida entre intervir ou não no valor do combustível, o presidente disse: “Não sou economista, já falei que não entendia de economia”.

12. Oitenta tiros

12/04 - Após o Exército assassinar um trabalhador que ia com a família a um chá de bebê, atirando 80 vezes em seu carro, o presidente Jair Bolsonaro declarou: “O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo”.

13. Kkkk

12/04 - No Twitter, o presidente costuma adotar uma linguagem pouco adequada a um chefe do Executivo. A uma notícia postada por um jornalista sobre a suposta demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ele respondeu com “Kkkk”.

14. Holocausto

12/04 - Bolsonaro já tinha causado polêmicas em sua visita a Israel. De volta ao Brasil, não contente, disse, sobre o Holocausto, que “podemos perdoar, mas não esquecer”. O museu Yad Vashem, que Bolsonaro visitara dias antes, reagiu e repudiou a declaração. Até o presidente de Israel reagiu afirmando que não se pode perdoar nem esquecer. Bolsonaro teve que rever a declaração para contornar a crise.

15. Guedes

13/04 - Depois de Bolsonaro intervir na Petrobras em uma tentativa de controlar o preço do diesel, o ministro da Economia, Paulo Guedes, desautorizou o presidente de sua decisão.

16. Toupeira

14/04 - O assessor de Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, chamou o prefeito de Nova York de “toupeira” depois que o americano disse que o presidente brasileiro é um “ser humano perigoso”.

17. Nova York

15/04 - O Museu Americano de História Natural, em Nova York, decidiu não receber um evento de homenagem a Bolsonaro, que estava marcado para acontecer no local em maio. O prefeito de Nova York agradeceu ao museu pela decisão.

18. Salário mínimo

15/04 - O governo Bolsonaro mudou a regra de cálculo do salário mínimo, que significava um aumento na renda da população brasileira desde que foi implementada, em 2005. Se a regra de Bolsonaro já estivesse valendo desde 2005, o salário mínimo seria hoje de R$ 573.

19. Publicidade

15/04 - O governo Bolsonaro aumentou em 63% os gastos com publicidade no primeiro trimestre de 2019, em relação ao mesmo período de 2018. Em três meses, foram gastos R$ 75,5 milhões com propaganda. A Record e o SBT lideram o ranking dos veículos que mais receberam recurso do governo.

20. Publicidade 2

15/04 - Só na Rede Record, do bispo Edir Macedo, os investimentos em publicidade governamental subiram 659% no primeiro trimestre de 2019. Como se não bastasse, o governo Bolsonaro renovou o passaporte diplomático do bispo e de sua esposa.

21. Vice

17/04 - As brigas e intrigas estão dentro do governo. O aliado Marco Feliciano pediu o impeachment do vice-presidente, Hamilton Mourão, por "deslealdade" a Bolsonaro.

22. Nova York 2

17/04 - Depois do Museu de História Natural de Nova York, o restaurante Cipriani Hall, em Wall Street, também recusou sediar evento de homenagem a Bolsonaro.

23. Neymar

18/04 - Enquanto negocia a reforma da Previdência, Bolsonaro recebeu o representante de um dos grandes devedores à receita federal, o pai do jogador Neymar. E não foi para cobrar dívidas. Na reunião, estavam também a receita federal e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

24. Violência no campo

18/04 - Bolsonaro não só não reconhece o direito à luta pela terra como quer aumentar a violência no campo. Ele disse que invasão de terra tem que ser tipificada como terrorismo, tendo como alvo os movimentos populares.

25. Petrobras 2

19/04 - O petróleo é nosso? No que depender do presidente brasileiro, não. Bolsonaro disse ter "simpatia inicial" pela privatização da Petrobras.

26. Petrobras 3

21/04 - Bolsonaro é contra o patrocínio da Petrobras a eventos culturais. Para dizer isso, ele publicou em suas redes sociais um vídeo de um debate na GloboNews. Só não disse que o vídeo tinha sido editado, incluindo imagens de eventos que não foram patrocinados pela estatal, como a exposição Queermuseum, em Porto Alegre.

27. Olavo

21/04 - Um vídeo com ataques de Olavo de Carvalho a militares foi postado no canal do Youtube de Bolsonaro e depois deletado.

28. Previdência

21/04 - O governo Bolsonaro quer aprovar a reforma da Previdência, que vai gerar efeitos na vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Mas os cidadãos não podem saber como nem por quê. O presidente decretou sigilo sobre os estudos que embasam a reforma da Previdência, e até o fim do mês ainda não tinha liberado os dados.

29. Olavo 2

22/04 - Bolsonaro já discutiu com todo mundo nesses primeiros quatro meses, até com o seu guru, Olavo de Carvalho. Por meio do porta-voz da Presidência, disse que as declarações do “filósofo” “não contribuem” para o governo. Olavo tinha dito que no governo só há "intriga, sacanagem, egoísmo e vaidade".

30. Carlos

23/04 - De novo ele, o filho 02, vereador pelo Rio de Janeiro. Carlos já tinha criticado o vice-presidente, aí seu pai, Jair Bolsonaro falou que colocaria um “ponto final” na disputa, mas o filho voltou a postar críticas a Mourão, referindo-se a ele como "tal de Mourão" e "queridinho da imprensa". 
 

31. Carlos 2

24/04 - Parece mentira, mas não é: Carlos Bolsonaro vetou o acesso do pai ao Twitter. O presidente ficou três dias sem publicar nada porque o filho se refugiou em um clube de tiros em Santa Catarina depois de um desentendimento com Jair. O motivo da briga foi o vídeo de Olavo de Carvalho atacando o vice-presidente postado por Carlos no YouTube do pai e que depois foi apagado. 

32. Sobrinho

25/04 - Sobrinho de Bolsonaro, Léo Índio já tinha virado notícia porque, mesmo sem cargo, circulava pelo Palácio do Planalto e participava de reuniões. Agora, ganhou um cargo no Senado, no gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), com um salário de R$ 14.802,41.

33. Horário de verão

25/04 - Mesmo em meio a polêmicas, Bolsonaro assinou o decreto que acaba com o horário de verão

34. Banco do Brasil

25/04 - Bolsonaro proibiu a divulgação de uma propaganda do Banco do Brasil que retratava a diversidade brasileira. O episódio também envolveu a saída do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim. Dias depois, o presidente do banco, Rubem Novaes, disse que a esquerda tentou empoderar minorias e caracterizar cidadão “normal” como exceção

35. LGBT

26/04 - Depois de cancelar o vídeo do Banco do Brasil, Bolsonaro decidiu proibir palavras do universo LGBT em qualquer propaganda de empresas estatais, como “lacrou” e “morri”.

36. Propagandas

26/04 - Bolsonaro recua e decide liberar propagandas de estatais de análise prévia.

37. Propagandas 2

27/04 - Bolsonaro recua de novo e diz que não permitirá propaganda de estatal que não siga sua ideologia.

38. Humanas

26/04 - Mal chegou e o ministro da Educação já causou polêmica. Em live com o presidente Bolsonaro, Weintraub disse: “Pode estudar filosofia? Pode. Com dinheiro próprio”. No dia seguinte, o presidente referendou em seu Twitter o que disse o ministro e afirmou que vai “descentralizar” investimentos em cursos de humanas.

39. Turismo sexual

26/04 - Ao falar sobre o cancelamento de evento nos Estados Unidos por ser visto como homofóbico, Bolsonaro foi… homofóbico. Disse que o “Brasil não pode ser o país do mundo gay, de turismo gay”. Para completar, ainda fez apologia do turismo sexual: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. 

40. Meio ambiente

26/04 - O Ministério do Meio Ambiente atacou o meio ambiente e tirou do ar uma sessão especial no site que tinha mapas de áreas prioritárias para conservação.

41. Perseguição a professores

29/04 - Bolsonaro publicou em seu Twitter o vídeo de uma aluna expondo uma professora por criticar Olavo de Carvalho. Em seguida, o ministro da Educação disse que alunos têm o direito de filmar professores.

42. Weintraub

29/04 - No mesmo dia em que disse que os alunos têm o direito de filmar professores, o ministro da Educação, Abraham Weintraub proibiu o uso de celular em reuniões no seu gabinete.

43. Imposto

29/04 - O governo não se entende mesmo. O secretário da Fazenda, Marcos Cintra, disse que criaria um novo tributo, que recairia inclusive sobre igrejas. No mesmo dia, Bolsonaro gravou um vídeo desmentindo o secretário para não desagradar os evangélicos.

44. Carlos 3

29/04 - Se tem uma coisa que os filhos de Bolsonaro mostraram que sabem fazer nesses primeiros quatro meses de governo foi arranjar confusão com aliados. Em abril, um dos alvos de Carlos foi o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, por divergências em relação à propaganda da reforma da Previdência. Carlos reclamou no Twitter da demora na aprovação da proposta, que custou R$ 40 milhões e deve ir ao ar em maio.

45. Violência no campo 2

29/04 - Bolsonaro diz que quer isentar de punição fazendeiros que atirarem em quem entrar em suas terras. Com isso, pode acabar liberando o assassinato de militantes da luta pela terra e aumentando a violência no campo.

46. Universidades

30/04 - O Ministério da Educação cortou 30% das verbas de três importantes universidades federais, a Fluminense (UFF), a da Bahia (UFBA) e a Universidade de Brasília (UnB). Outras instituições podem vir a ter recursos cortados, se não apresentarem desempenho acadêmico esperado ou se estiverem promovendo “balbúrdia” em seus câmpus, segundo o ministro Abraham Weintraub. Ele reclamou da realização de eventos políticos, manifestações partidárias ou festas inadequadas nos campi. A próxima na mira é a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais.

Edição: Daniel Giovanaz