Pernambuco

PRECONCEITO

Artigo | Lesbofobia na Alepe

Parlamentares fizeram falas lesbofóbicas direcionadas a um concurso de fotografia

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Conscurso leva o nome de Marylycia Mesquita, assistente social, que faleceu em 2017 e foi uma defensora dos Direitos LGBTs no estado
Conscurso leva o nome de Marylycia Mesquita, assistente social, que faleceu em 2017 e foi uma defensora dos Direitos LGBTs no estado - Rafael Werkema

O burburinho dessa semana se deu logo após a publicação do edital do Concurso de Fotografia Marylucia Mesquita para mulheres em especial, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. Citações que destilavam preconceito e lesbofobia de parlamentares da bancada fundamentalista da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) e na Câmara de Vereadores do Recife repercutiram na mídia.
É necessário entender como se deu o processo do Concurso. Existe na Secretaria da Mulher de Pernambuco, Comitês com segmentos de mulheres, a exemplo de Mulheres com Deficiência, Mulheres Negras e Mulheres Idosas. Desde 2007 os Coletivos e Redes de Lésbicas e Mulheres Bissexuais dialogam com a Secretaria da Mulher e firmam parcerias.
Em 2015 o Comitê Interistitucional Pró- Lésbicas e Mulheres Bissexuais foi formalizado e diversas ações entre a Secretaria da Mulher e os diversos Coletivos que existem ali foram realizadas, dentre elas, Campanhas de Saúde das Lésbicas e Mulheres Bissexuais que circularam nos ônibus da Grande Recife; criação, reprodução e distribuição de Cartilhas de Saúde das Lésbicas; ações socioeducativas em unidades prisionais femininas para garantir as reeducandas um tratamento justo e igualitário; seminário Sobre a História do Movimento Lésbico no Brasil.
Desde o início de 2018 o Concurso de Fotografia vem sendo construído e propõe que através de imagens as mulheres pernambucanas possam refletir sobre o amor e respeito entre mulheres para uma cultura de paz. Cabe aqui também refletir sobre a figura da Marylycia Mesquita, assistente social, que faleceu em 2017 e foi uma defensora dos Direitos LGBTs em todo país tendo atuado em Pernambuco durante vários anos.
Algumas das falas dos deputados e deputadas fundamentalistas traziam que o Concurso era excludente, que incentivava as pessoas a serem homossexuais ou que privilegiava a população LGBT. O Concurso é direcionado a todas as mulheres de Pernambuco e como o tema é direcionado a lesbianidade nada mais justo que especialmente as lésbicas, mulheres bissexuiais e transexuais devem se escrever. Ao contrário do Prêmio Literário da Mulher Idosa Anita Paes Barreto que limita as inscrições as mulheres idosas ou dos Programas do Chapéu de Palha que é exclusivo para mulheres rurais.
Em 2018, foi lançado o Dossiê do Lesbocídio no Brasil (mulheres que são assassinadas por serem lésbicas) e constata que houve um aumento de mais de 230% nos assassinatos dessas mulheres nos últimos dois anos. Entender a vulnerabilidade das lésbicas e mulheres bissexuais em uma sociedade machista, patriarcal e LGBTfóbica é essencial para nossa sobrevivência.
*Malu Aquino é Jornalista, ativista da Rede de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras Feministas – Candaces; Coletivo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais de Pernambuco – Comlesbi-PE; Fórum LGBT de Pernambuco; e Integrante do Comitê interstitucional Pró- Lesbicas e Mulheres Bissexuais de Pernambuco.

Edição: Monyse Ravenna