ORIENTE MÉDIO

Primeiro-ministro de Israel diz que campanha militar contra Gaza "não acabou"

Apesar de cessar-fogo, Netanyahu não confirmou trégua; escalada de violência deixou 25 palestinos e 4 israelenses mortos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Maioria das vítimas fatais, entre elas civis, estão no lado palestino. Segundo levantamento, 25 pessoas morreram em decorrência dos ataques
Maioria das vítimas fatais, entre elas civis, estão no lado palestino. Segundo levantamento, 25 pessoas morreram em decorrência dos ataques - Foto: Mahmud Hams/AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (6) que a campanha militar contra Gaza não terminou. O anúncio foi feito após representantes palestinos e ao menos uma autoridade do Egito -- país que ajudou a mediar a trégua-- confirmarem um cessar-fogo. 

“Nos últimos dois dias combatemos o Hamas e a Jihad Islâmica com contundente força, atacamos mais de 350 alvos, seus líderes e agentes terroristas e destruímos edifícios terroristas”, disse Netanyahu. 

Apesar da declaração do premiê e de o governo israelense não ter confirmado oficialmente o cessar-fogo, os ataques foram paralisados desde o início da manhã. Também foi anunciada a suspensão das restrições de segurança imposta às populações civis israelenses. 

O Exército de Israel afirma que cerca de 690 foguetes foram lançados de Gaza entre sábado (4) e domingo (5). Dentre eles, 240 teriam sido interceptados pelo sistema de defesa anti-aéreo do país. A maior parte dos disparos atingiram áreas isoladas. No entanto, ainda segundo autoridades do país, 35 foguetes foram lançados em zonas urbanas. Quatro pessoas morreram em decorrência dos ataques. 

Israel passou a disparar contra Gaza também no sábado. O país afirma que todos os alvos eram utilizados por membros dos grupos militantes Hamas e Jihad Islâmica. No entanto, em um dos edifícios atingidos funcionavam os escritórios da agência de notícias turca Anadolu. 

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, qualificou a “agressividade sem limites” como um “crime contra a humanidade”. Segundo informações divulgadas pela Anadolu, os funcionários da agência deixaram o prédio momentos antes dele ser atingido. 

A maioria das vítimas fatais, entre elas civis, estão no lado palestino. Segundo o último levantamento, 25 pessoas morreram em decorrência dos ataques feitos pelas forças de segurança de Israel. Entre os mortos estão duas mulheres grávidas e dois menores de idade. 

A Jihad Islâmica informou que sete membros do grupo morreram durante a investida. Entre os mortos também estaria Hamed Hamdan al-Khodari, um dos comandantes do Hamas.

Nova escalada de violência

O conflito começou no último sábado (4), durante manifestações contra o bloqueio imposto pelo governo de Netanyahu ao território palestino. Israel afirma que dois soldados foram feridos por um atirador durante os protestos em Gaza. Após os supostos disparos, forças de segurança israelense retaliaram com ataques aéreos que deixaram dois mortos.

Israel impõe bloqueios econômicos e comerciais à Gaza. A justificativa do governo israelense é que a sanção ajuda a conter a entrada de armamentos. 

A escalada de violência deste final de semana é a maior desde a que ocorreu em julho e agosto de 2014. Na ocasião, de acordo com as Nações Unidas, os ataques israelenses deixaram 2.251 palestinos mortos, entre eles 1.462 civis.

Um cessar-fogo havia sido negociado pelo Egito em abril deste ano. Mas o Hamas e grupos Islâmicos afirmam que Israel não está trabalhando para que uma trégua a longo prazo entre em vigor. 

A nova ofensiva soma-se a uma série de ataques de Israel contra territórios palestinos. Entre março e dezembro de 2018, mais de 6 mil civis desarmados foram atingidos por militares israelenses, segundo um estudo feito pela ONU

A investigação afirma que, nesse espaço de tempo, cerca de 189 pessoas foram mortas. Entre elas, 35 crianças, três paramédicos e dois jornalistas. A comissão que liderou os estudos afirma que o país cometeu crimes contra a humanidade e crimes de guerra. 

Edição: Aline Carrijo