Rio de Janeiro

EDUCAÇÃO

Defesa da educação e luta contra reforma da Previdência une esquerda em ato no Rio

Manifestação serviu como aquecimento para o Dia Nacional de Defesa da Educação da próxima quarta-feira (15)

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Clara Tordoya, 11 anos é estudante do 6° ano do Colégio Pedro II, campus São Cristóvão II
Clara Tordoya, 11 anos é estudante do 6° ano do Colégio Pedro II, campus São Cristóvão II - Clivia Mesquita

A defesa das universidades públicas e o rechaço à proposta de reforma da Previdência que tramita no Congresso motivaram um ato unificado na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (10). O protesto é uma reação aos desmontes da educação e da seguridade social promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) e reuniu diversos setores da esquerda, como PT, PSOL, PC do B, PSB e PDT.

Os cortes de 30% de recursos destinados a universidades e Institutos Federais (IFs) podem inviabilizar o funcionamento das instituições de ensino. Cerca de 60 universidades e 40 institutos espalhados por todos os estados do Brasil serão atingidos pela medida. Reunindo diversas lideranças políticas, a manifestação serviu como aquecimento para paralisação que acontecerá na próxima quarta-feira (15) em todo o território nacional.

O professor Fernando Haddad, candidato à presidência em 2018, também esteve no ato. "Na manifestação da próxima quarta-feira, dia 15, vamos gritar bem alto: Bolsonaro, tira as patas da educação. Bolsonaro não sai do twitter, não toma uma única medida que traga esperança para o povo brasileira. É só aumento do diesel, corte da Previdência, da saúde e da educação. Enquanto ele não devolver cada centavo que ele tirou do MEC nós não vamos arredar o pé da rua", falou Haddad. Ele ressaltou que protestos estão acontecendo em diversas regiões do país, como Niterói (RJ), Curitiba (PR) e Salvador (BA). 

A presidente do Partido dos Trabalhadores e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) aposta que a defesa da educação vai provocar o estopim de uma grande mobilização nacional e pode criar as condições para a construção de uma greve geral dos trabalhadores. "O governo Bolsonaro veio para destruir a democracia, os direitos e a soberania. Estamos vendo 13 milhões de desempregados e agora estão acabando com as universidades, escolas, inclusive no ensino básico que eles disseram que não iriam mexer", discursou Gleisi.

Diferente do que afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o corte também vai atingir a educação básica, como é o caso do Colégio Pedro II e vai afetar a produção de conhecimento nas universidades, com o bloqueio de bolsas de pesquisa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A líder da oposição na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB), reforçou a importância da batalha para impedir a reforma da previdência. "Não é uma batalha de apenas uma categoria, o que está em jogo é uma concepção de Estado. A nossa Previdência é um exemplo para o mundo, garante a proteção da grande maioria das mulheres e homens trabalhadores. Essa reforma é inaceitável e a conta desse processo recairá na costas dos trabalhadores pobres. Não existe combate ao privilégio", frisou.

Além da educação e da reforma da Previdência, críticas ao governador Wilson Witzel (PSC) permearam os discursos. Na tarde dessa sexta-feira, a base de Witzel na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) entrou com um pedido de cassação do mandato da deputada estadual Renata Souza (Psol) após a parlamentar apresentar uma denúncia à ONU e à OEA contra a política genocida do governador.

"Witzel estava no episódio da quebra da placa da Marielle, em um ato racista. Agora ameaça cassar o mandato de uma das sementes da Marielle. Quero ver você cassar o meu mandato, Witzel. Você é pequeno atirando em gente pobre de um helicóptero. Queremos ver sua valentia para enfrentar as milícias", disse o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ).

Mobilização

No Dia Nacional em Defesa da Educação, 15 de maio, acontecerão atos em todo o país. Até esta sexta-feira (10), já eram cerca de 80 manifestações e assembleias marcadas em universidades públicas de vários estados, organizadas por estudantes universitários, docentes, técnicos das universidades, IFs, secundaristas e professores da educação básica.

 

 

Edição: Vivian Virissimo | Reportagem: Clívia Mesquita