Rio de Janeiro

240 tiros

Oficiais viram réus da Justiça Militar após disparos contra carro de família no Rio

12 militares são acusados por ação que disparou 240 tiros contra carro do músico Evaldo dos Santos e deixou dois mortos

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O caso ficou conhecido como "80 tiros", número de disparos que se acreditava ter sido disparado inicialmente contra o carro
O caso ficou conhecido como "80 tiros", número de disparos que se acreditava ter sido disparado inicialmente contra o carro - Reprodução

No último sábado, foi aceita a denúncia do Ministério Público Militar para tonar réus os militares do Exército envolvidos na ação que alvejou um carro de família com 240 tiros em Guadalupe, no Rio de Janeiro, em abril deste ano. Os militares vão responder por homicídio qualificado e omissão de socorro. Durante a ação, que teve grande repercussão nacional, o músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo foram baleados e mortos. O caso ficou conhecido como "80 tiros", número de disparos que se acreditava ter sido disparado inicialmente contra o carro. 

A denúncia do Ministério Público Militar foi feita na última sexta-feira (10) e aceita no dia seguinte pela juíza federal da Justiça Militar Mariana Queiroz Aquino. Os laudos do órgão apontaram que mais de 240 tiros de fuzil e pistola foram disparados contra o carro de Evaldo. O músico, que morreu na hora, foi atingido por 62 tiros. Um dos tenentes, chamado Ítalo da Silva Nunes Romualdo, é acusado de atirar 77 vezes. 

Além de Italo, os militares envolvidos no caso são: Fabio Henrique Souza, Paulo Henrique Araújo, Leonardo Oliveira de Souza, Wilian Patrick Pinto, Gabriel Christian Honorato, Matheus Sant'Anna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa, Gabriel da Silva de Barros, Vitor Borges de Oliveira e Leonardo Delfino Costa.

O caso

Militares do exército abriram fogo contra carro que carregava uma família na Zona Oeste do Rio, no domingo (07/04).  Além de Evaldo, morto com os disparos, estavam no carro sua esposa, o filho de sete anos, uma amiga da família e o sogro, que também foi baleado. Segundo uma parente da família, os militares abriram fogo sem realizar qualquer abordagem prévia e mesmo depois dos passageiros no banco de trás terem fugido com a criança no colo, os militares continuaram atirando. O catador Luciano Macedo, que passava pelo local, também foi baleado e faleceu cerca de 10 dias depois

Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou que os militares agiram após um assalto ocorrido na região do Piscinão de Deodoro, e que os integrantes do carro teriam perpetrado “injusta agressão” contra as tropas antes de serem alvejados. 

O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, deu declarações afirmando que “tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]”. 

Em vídeo divulgado pela Ponte Jornalismo, os moradores se aglomeram em volta do carro baleado, naquele momento já sendo periciado pela Polícia Civil, e uma pessoa grita para os militares: “a gente é trabalhador, vocês são assassinos”.

De acordo com uma lei sancionada em 2017, por Michel Temer, os assassinos de Evaldo serão julgados por uma corte militar.
 

Edição: Mariana Pitasse