Risco de desastre

Talude de barragem da Vale em Barão de Cocais (MG) se romperá até sábado (25)

Risco de rompimento na cidade mineira aterroriza moradores, que vivem clima de incerteza e angústia desde fevereiro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, calculou entre 10 e 15% as chances de rompimento da barragem
Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, calculou entre 10 e 15% as chances de rompimento da barragem - Foto aérea de Gongo Soco via Googlemaps/EBC

A barragem de rejeitos da mina de Gongo Soco, no município de Barão de Cocais (MG), pode se romper a qualquer momento. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM) o rompimento do talude norte -- estrutura que forma a parede da cava da mina -- é dado como certo e deve acontecer entre esta segunda-feira (20) e sábado (25).

Até o ano passado, o talude se movimentava ao ritmo de dez centímetros por ano, o que era considerado normal, mas há alguns meses os sensores passaram a registrar uma movimentação atípica, que agora chega a 7 cm por dia.

A questão, segundo apontam as autoridades, é se o desmoronamento desta estrutura ocasionará no rompimento da barragem de rejeitos, o que provocaria tragédia semelhante às de Brumadinho e Mariana.

Em entrevista coletiva nesta segunda (20), o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, calculou entre 10 e 15% as chances de rompimento da barragem.  

Desde fevereiro, os moradores da cidade que vivem nas proximidades da mina estão evacuados, vivendo em hotéis e pousadas e casas de familiares. A mina está fora de operação desde 2016.

No sábado (18), a Justiça de Minas Gerais elevou o teto da multa à mineradora Vale para o valor de R$ 300 milhões, caso a mineradora não apresentasse um estudo de risco de rompimento da barragem.

No mesmo dia ocorreu simulação de evacuação, mas com baixa adesão da população e protestos contra a mineradora. Os afetados reclamam da falta de informações e se dizem cansados demais para mais uma simulação. Desde fevereiro, outras duas operações do tipo foram realizadas ali.

Em entrevista ao Brasil de Fato, a representante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) Maria Júlia Andrade relatou que “as informações vêm a público de conta-gotas e o pânico e o terror estão generalizados. As pessoas não sabem se o risco é real, não sabem se vai romper ou não. Só sabem que existe um pânico e um medo. É uma bomba-relógio em cima de suas cabeças”.

Nesta última quinta-feira (16), a Vale iniciou a construção de um muro de concreto reforçado com telas metálicas a aproximadamente seis quilômetros da barragem da mina. O objetivo é que a estrutura atue como mais uma barreira de contenção dos rejeitos, caso a barragem venha a ruir com os abalos causados pelo desmoronamento do talude.  

Também segundo a Agência Nacional de Mineração, o rompimento depende da forma como o talude desmoronará. Se isso ocorrer de forma lenta e gradual, é menos provável um desastre, mas se isso se der abruptamente, há mais motivos para esperar o pior.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira