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Arrancada por bolsonaristas, faixa em defesa da educação é recolocada na UFPR

Universidades pelo Brasil também colocaram faixas semelhantes em solidariedade

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Após contagem regressiva pelas mais de 20 mil pessoas presentes no ato, a faixa foi recolocada em frente à UFPR
Após contagem regressiva pelas mais de 20 mil pessoas presentes no ato, a faixa foi recolocada em frente à UFPR - Giorgia Prates

A notícia correu o Brasil inteiro e até fora do país: no último domingo durante a manifestação pró-Bolsonaro, manifestantes arrancaram uma faixa com os dizeres “Em defesa da Educação”, colocada por estudantes e professores em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O argumento dos bolsonaristas é de que uma faixa à frente de um prédio público defendendo a educação seria  “algo ideológico”. Ao longo da semana, estudantes da UFPR e outras universidades se organizaram e prometeram recolocar uma faixa ainda maior. A promessa se concretizou nesta quinta-feira (30), no segundo ato contra os cortes na educação, em Curitiba (PR). Após a recolocação, os mais de dez mil manifestantes, mesmo debaixo de forte chuva, realizaram uma grande caminhada pelos ruas do centro da cidade.

                     

A partir de uma contagem regressiva, um pano preto foi retirado e a faixa apareceu ainda maior no alto do prédio. Ao longo do dia, outras faixas foram colocadas por estudantes nas fachadas de diferentes campis da UFPR.no estado. E, também como solidariedade, outras universidades pelo Brasil expuseram faixas semelhantes. 

Odilon Oliveira, estudante que integra o Diretório Central do Estudantes (DCE) da UFPR, disse que o ato foi simbólico por entender que a faixa não fazia menção alguma a partido ou ideologias. “A gente esperava que fosse unidade, que a defesa da educação fosse feita por todos os lados, por toda população. O que nos pareceu, quando a faixa foi arrancada, é que liderados pelo presidente existe uma parcela da população claramente contra a educação”, disse.

A estudante de filosofia da UFPR Ana Júlia Ribeiro, que também integra o Conselho Universitário, disse que o ato em si vai além dos que vivem a Universidade. “A universidade produz conhecimento e se preocupa com a emancipação dos trabalhadores através da educação. É muito importante que a sociedade como um todo apoie”, ressaltou.

No domingo, quando a faixa foi arrancada, o reitor da Universidade Federal do Paraná, Professor Dr. Ricardo Marcelo, usou suas redes sociais em tom de desabafo. “Nesse exato momento, sob aplausos, manifestantes arranca uma faixa que defende a educação pública. Inaceitável”. E acrescentou que “a faixa arrancada foi um elogio à ignorância”.

Moção de repúdio

Nesta quinta pela manhã, o Conselho Universitário da UFPR aprovou por unanimidade uma moção de repúdio aos ataques do governo. O Reitor Prof. reiterou que a Universidade corre o risco de não ter as garantias mínimas para funcionamento no segundo semestre. Foi apresentada a planilha de gastos anuais da instituição e o impacto dos cortes. Explicou que se trata sim de corte (bloqueio) e não contingenciamento (suspensão momentânea do orçamento). Os ataques à educação prosseguem.

UFPR diz que em agosto terá que fechar as portas

A reitoria da UFPR confirma a manutenção do corte de R$48 milhões até o momento e a ausência de qualquer previsão de desbloqueios de valores pelo Ministério da Educação (MEC). As pró-reitorias informam que, se mantido, o valor bloqueado compromete todos os contratos de serviços da Universidade junto a seus prestadores de serviços terceirizados, assim como o pagamento de água e luz, com estimativas reais de suspensão das atividades da instituição para o mês de agosto.

Edição: Lais Melo