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Flávio Dino: “Semiaberto pode garantir que Lula ajude ainda mais a política nacional”

Ao lado de Luciana Santos, presidenta do PCdoB, governador ponderou que a Justiça só será feita com "Lula Livre"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Todas as quintas-feiras, Lula recebe a visita de amigos e companheiros de militância; o encontro dura uma hora
Todas as quintas-feiras, Lula recebe a visita de amigos e companheiros de militância; o encontro dura uma hora - Ricardo Stuckert

Preso desde abril de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (6) a visita de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, e Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB. Após o encontro, os líderes políticos comentaram os principais pontos do diálogo com o petista. 

“Sem dúvida, ele é a principal liderança popular do Brasil, continua a ser e, por isso, foi muito importante esse diálogo. Reforçou em nós a convicção de que, apesar desse momento, ele tem muito ainda a dizer e a fazer pelo Brasil. E terá a nossa ajuda, o nosso apoio, entusiasmo e engajamento, para que ele reverta esse quadro atual e possa, efetivamente, no exercício de sua liberdade plena, continuar a ajudar o Brasil”, ressaltou Flávio Dino.

Em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o governador do Maranhão também defendeu o direito do ex-presidente ao regime semiaberto, mas ponderou sobre a importância da absolvição plena do petista. 

Conforme parecer apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lula já cumpriu pena para progredir para o regime semiaberto. Nesta modalidade, o condenado tem o direito de deixar a prisão para trabalhar e fazer outras atividades sem vigilância durante o dia, com restrições apenas no período noturno.

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Mestre em direito constitucional pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Flávio Dino espera que o STJ acolha o parecer. Ainda não há, no entanto, previsão de quando a Corte analisará o pedido.

“É um caminho para que a gente possa ter não a justiça --- porque a justiça seria não ter existido sequer a condenação ---, mas, infelizmente, em meio a essa arbitrariedade gigantesca que foi perpetrada e cometida contra ele, a chamada detração, ou seja, o reconhecimento do regime semiaberto, é um caminho que imediatamente pode garantir que ele recupere uma parte de sua liberdade e, com isso, ajude ainda mais a política brasileira”, disse. 

Em visita à Vigília Lula Livre, Luciana Santos seguiu a mesma linha.

“O PCdoB tem uma aliança básica com o Partido dos Trabalhadores há mais de 30 anos, desde 1989. E nós temos muito respeito pelo legado que o presidente Lula deixou para o Brasil. E ele é um brasileiro que continua ativo. É um preso político que está aqui de maneira arbitrária e lutando por justiça e, mais do que isso, por bandeiras muito caras para o povo brasileiro”, afirmou.  

Eleita em 2018, Santos foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora de Pernambuco. Ela defendeu uma contraofensiva ao desmonte do Estado brasileiro nas mãos de Jair Bolsonaro (PSL) e chamou a atenção para a importância da soberania nacional, uma das principais preocupações do ex-presidente. 

“Lula falou muito também da importância que tem o Nordeste, da articulação dos governadores do Nordeste para se fazer um contraponto a essa agenda antipovo e antinacional que está sendo imposta pelo Governo Federal. Ou seja, um espírito muito combativo, muito ativo de quem está com sangue no olho, disposto a travar as batalhas que o povo brasileiro tanto merece”, contou.

Para a presidenta do PCdoB, mais do que a defesa do patrimônio brasileiro e da democracia, o conceito da soberania nacional passa pelo desenvolvimento, por uma política externa independente e, sobretudo, pela responsabilidade do governo de cuidar dos interesses do povo brasileiro. 

“É uma destruição rápida do patrimônio brasileiro e nós precisamos reagir a altura. É por isso que os estudantes e os trabalhadores foram às ruas para dizer que nós queremos a Educação, que é também um grande legado deixado pelo presidente Lula. Foi o período, no Brasil, que mais teve ampliação das vagas nas universidades, das escolas técnicas, e que se interiorizou, é por isso que tem tanta capilaridade. Porque eles, para poderem pôr uma agenda antipovo e antinacional, precisam negar a verdade e reescrever a história, eles precisam do obscurantismo e de negar a ciência”, analisou Santos.

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Em entrevista ao Brasil de Fato, Flávio Dino também comentou a centralidade do tema da educação na atual conjuntura política. O piso dos professores no Maranhão é o maior do Brasil. 

“Falamos um pouco da importância da mobilização dos estudantes, da juventude e dos professores, que tem sido muito enfatizada nas últimas semanas, sobretudo, por conta de que uma das dimensões do desmonte do Estado brasileiro tem se referido ao sistema nacional de educação, ciência e tecnologia”, finalizou.

Todas as quintas-feiras, Lula recebe a visita de amigos e companheiros de militância; o encontro privado dura uma hora.

Edição: Aline Carrijo