Democracia

Jornalista lança livro sobre junho de 2013 e aponta momento de mudança na democracia

A pesquisa contou com a participação de jovens que estiveram nas manifestações

Curitiba |

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Lançamento do livro acontece no próximo dia 27, em Curitiba.
Lançamento do livro acontece no próximo dia 27, em Curitiba. - Divulgação

“As manifestações de 2013 não são só um grande protesto, mas é uma mudança de como os protestos começam a ser organizados pelos jovens”, explica o jornalista e professor de comunicação da UFPR Mário Messagi, ao defender que junho de 2013 é um marco na história da democracia brasileira. Estas conclusões integram o seu livro “Outros junhos virão: protestos organizados em rede e as democracias radicalizadas”, editado pela Kotter, que será lançado no próximo dia 27, no Espaço Mímesis Conexões Artísticas, às 19h, em Curitiba.  

A obra é resultado de uma extensa pesquisa quantitativa, a partir de entrevistas com jovens de 15 a 29 anos, na cidade de Curitiba.  A amostra tem 576 coletas e foi estratificada segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O questionário levantou diversas questões, algumas muito debatidas durante e depois de 2013, como o caráter ideológico do movimento (esquerda ou direita), o papel das redes sociais e dos meios tradicionais, o perfil dos jovens que foram para as ruas e o que os motivou ou desmotivou para protestar, entre outras. A elaboração do questionário foi discutida com duas turmas de alunos de Comunicação, com 18 a 19 anos, majoritariamente. Muitos deles tinham participado das manifestações. 

Em entrevista para o Brasil de Fato Paraná, o jornalista explica como se deu a pesquisa e alguns dos resultados obtidos:  

 1. Qual foi sua principal motivação para pesquisar e escrever sobre junho de 2013? 

As manifestações de 2013 não são só um grande protesto, mas é uma mudança como os protestos começam a ser organizados pelos jovens. Protestos grandes organizados, pela primeira vez na história do Brasil, sem a presença de entidades tradicionais da sociedade civil organizada, como sindicatos, partidos políticos, etc. É a primeira vez que emerge como protagonista do processo, os modos de organização mais horizontalizados e em rede, de forma mais distribuída, organizado à várias mãos. Então, ele é um marco, uma mudança por uma série de novas práticas que surgem. A partir de junho de 2013 o que se observou é que as coisas aconteceram de forma mais rápida do que em outros anos. No momento que estava acontecendo eu não estava entendendo nada. A pesquisa serve para responder dúvidas e não certezas.   

2. Como foi feita a pesquisa e o que o leitor irá encontrar no livro como conteúdo inédito ?

No segundo semestre de 2013, eu e um aluno do Mestrado de Comunicação, mais duas turmas de graduação da disciplina de Teoria da Comunicação, iniciamos uma pesquisa sobre junho de 2013, com questões como “quem organizou”, “quem narrou”, “qual posicionamento de quem foi e de quem não foi protestar”, “qual o posicionamento do jovem sobre a violência da polícia, dos manifestantes, contra patrimônio público, privado”, “quais foram as bandeiras que identificaram como as principais”. Uma série de questões aplicadas em cerca de 600 entrevistas com jovens de 15 a 29 anos em toda Curitiba. Em 2016, foi feita a análise destes dados e agora, com esse processo que estamos vivendo em 2019, há um processo de aceleração e protestos semelhantes aos eventos de 2013. Por isso, achei pertinente lançar o livro. 

3. Você menciona que este momento histórico é um marco para democracia. Por que? 

Posso citar o dia 13 de junho como o momento mais explícito de uma virada de posicionamento dos meios de comunicação. Nesta data começa de fato o sentimento de solidariedade que leva milhares de jovens para as ruas com o desejo de se unir ao que ali acontecia. O livro aponta que ali se encerra uma fase da nossa história política que é o de democracia de coalizão. Começamos a viver uma democracia mais radical, polarizada e estes novos atores que saem das redes sociais e que inclusive chegaram no Congresso Nacional, emergem com uma força impensável antes de junho de 2013. O título “Outros junhos virão” é uma previsão que protestos organizados desta forma vão continuar acontecendo não só no Brasil, mas no mundo. O prefácio do livro menciona “os coletes amarelos” da França que tem no modo de organização difuso, de revolta contra o poder instituído, uma série de traços semelhantes aos daqui. Marcam de maneira disruptiva pois é algo totalmente imprevisível e marcam a forma como a democracia vai se desenvolver daqui para frente.  

 

 

SERVIÇO 

Lançamento do livro: “Outros junhos virão: protestos organizados em rede e as democracias radicalizadas” 

O autor: Mário Messagi Júnior é jornalista e professor de Comunicação da Universidade Federal do Paraná desde 1998. Mestre em Linguística, pela UFPR, e doutor em Ciências da Comunicação, pela Unisinos, é autor do livro Teoria da Comunicação: Aplicações Contemporâneas. 

Quando: 27/06, às 19h. 

Local: Mímesis Conexões Artísticas (Rua Celestino Junior, 189, São Francisco, Curitiba) 

 

Pré-venda de e-book na Amazon: https://amzn.to/2RuiwB6  

Pré-venda do livro físico na Kotter: https://kotter.com.br/loja/outros-junhos-virao/ 

Edição: Redação