Paraná

Em Greve

Policiais do Paraná gastam do próprio bolso para garantir segurança à população

Apoiando o movimento de greve dos servidores públicos, os policiais prometem ações mais radicais para pressionar governo

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Policiais levaram viaturas sem condições de uso para frente do Palácio Iguaçu, como protesto.
Policiais levaram viaturas sem condições de uso para frente do Palácio Iguaçu, como protesto. - Leandro Taques

Equipamentos em falta, viaturas sem manutenção, horas a mais de trabalho sem receber, adoecimento e casos de suicídio são alguns dos problemas que hoje enfrentam os policiais do estado do Paraná. Além de gastarem do próprio bolso para comprar materiais necessários para garantir o trabalho diário.  Pela Constituição, as policias militar e judiciaria não podem entrar em greve, mas declararam apoio ao movimento grevista dos servidores públicos em greve desde o dia 25 de junho, pelo pagamento da data base. Caso o governador Ratinho Junior não apresente uma proposta viável, as entidades representantes das policias prometem ações radicais para pressionar o governo.   

Segundo o Delegado Marques, do Sindicato dos Delegados da Polícia, “embora não possamos fazer greve, temos organizado ações para chamar atenção do governo. O servidor público do Executivo está coberto de razão em fazer essa greve. A data base é constitucional e foi promessa de campanha do governador Ratinho Junior.” Marques diz que assim como professores, médicos, os policiais também trabalham no limite das suas condições. “Primeiro a sociedade não conhece o custo real da segurança. Nossas policiais compram equipamentos, viajam para administrar cursos sem receber, nossas policiais compram lanternas e outros recursos para dar conta do trabalho diário. Trabalham muito mais do que 40 horas sem receber a mais.”  

Na segunda feira, dia 24 de junho, os policiais deram início ao apoio à greve levando para frente do Palácio do Governo as viaturas sem condições de uso. Uma forma de protesto para mostrar ao governo, que além da data base, os servidores reivindicam melhores condições de trabalho. “O que o governo economiza com o nosso policial trabalhando horários a mais sem remuneração, sem equipamentos de segurança e outros obsoletos, a ideia é que este recurso economizado fosse investido para o contribuinte em educação, saúde e segurança, mas é repassado para outros poderes. Desde 2016, há reajuste salarial apenas para Tribunal de Contas, Ministério Público e poder Judiciário, que já ganham altos salários.” 

Representante da Policia Militar, o Coronel Washington, presidente da Associação da Vila Militar, diz que o pagamento da data base é o principal e que unifica todas as mais de 28 categorias envolvidas na greve. “Mas cada uma das categorias tem inúmeras demandas que se arrastam sem resolução. Para nós, ainda reivindicamos, pagamentos de progressões, melhoria no atendimento à saúde do policial, adequação da carga horária, vale alimentação e outras. Segundo ele, todas essas lacunas nas condições de trabalho comprometem a qualidade do que é oferecido para a popular. “O que temos hoje é um policial desanimado, adoecido, uma evasão precoce da profissão e muitos casos de suicídio.”  

Policiais e servidores recusam proposta apresentada pelo Governador 

O governador Ratinho Junior se reuniu nesta terça-feira (2), no Palácio Iguaçu, com as lideranças das entidades representativas das polícias Civil e Militar, num acordo feito na semana passada, que daria alguma resposta. Na quarta, 03, para imprensa, sem se reunir com os servidores, Ratinho anunciou a proposta de pagar  pagar 0,5% de reposição em outubro e 4,5% parcelado em três anos condicionados ao crescimento da receita corrente líquida em 2021 e 2022. Tanto o Fórum de Entidades Sindicais, o FES, como as entidades representativas das polícias consideram inadmissível aceitar a proposta e decidiram se manter em greve. Segundo Marlei Fernades, do FES, “essa proposta é inviável, já que no ano que vem temos uma outra base a ser paga.” 

Em nota, o Coronel Washington, da AVM, disse: “Ordeiramente e dentro da lei, respeitando as autoridades constituídas, seguimos até aqui, porém não tivemos a mesma consideração por parte do Estado. Quem planta vento colhe tempestade. Vamos nos reagrupar, definir novas estratégias e vamos à luta para que tenhamos nossos direitos reconhecidos. Chega de falácias e promessas infundadas.” 

 

Edição: Fredi Vasconcelos