CUBA

Crônica da rebeldia sobre o 26 de julho

O episódioimpulsionou os ventos rebeldes em Cuba

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Para julho chegar ouve antes um janeiro marcado pela Marcha das Tochas
Para julho chegar ouve antes um janeiro marcado pela Marcha das Tochas - Amanda Sampaio

“De igual modo se prohibió que llegaran a mis manos los libros de Martí; parece que la censura de la prisión los consideró demasiado subversivos. ¿O será porque yo dije que Martí era el autor intelectual del 26 de Julio?”
Fidel Castro em A História me absolverá

 

Um povo que celebra a rebeldia com um dia próprio no calendário nacional há de ter essa marca em suas raízes mais profundas. E rebeldia não é característica nova no povo cubano, em verdade, é característica que faz bater o coração e honrar os que lutaram pela verdadeira liberdade da pátria e de seu povo. O 26 de julho é o dia que marca o ataque ao quartel Moncada no ano de 1953 pelos jovens revolucionários cubanos – ataque militarmente mal sucedido, mas que impulsionou os ventos rebeldes na ilha caribenha e posteriormente virou movimento.   Mas, como falamos em raízes, é importante lembrar que o 26 de julho não cai no ano de 1953 à toa. Naquele ano cumpria-se o centenário de nascimento do intelectual cubano José Martí (1853-1895), intelectual de palavra e ação, um homem de muitas faces humanas, como diria Florestan Fernandes. 

Para julho chegar ouve antes um janeiro marcado pela Marcha das Tochas, uma imensa marcha organizada por estudantes que queriam, no dia do nascimento de José Martí, sair das escalinatas da Universidade de Havana até a Fragua Martiana (antiga prisão de San Lázaro onde o regime colonial condenava os prisioneiros a trabalhos forçados e no qual Martí ficou preso em sua juventude).  A passeata foi proibida pelo regime ditatorial de Fulgêncio Batista, mas mesmo assim, os estudantes não desistiram e realizaram o movimento. O jovem Fidel também estava nessa marcha e ele, assim como vários outros presentes na marcha estudantil, encabeçaram o ataque ao quartel Moncada. Fidel apontou Martí como autor intelectual do dia 26 de julho, e, enquanto esteve preso depois do assalto ao quartel, as obras do maestro estavam proibidas para ele.

Mas, como escreveu o próprio poeta e maestro, “A las poesías del alma nadie podrá cortar las alas’. E a poesia da revolução abraçou o desejo da justiça social, se enlaçou com os ventos de esperança, cruzou com a hermana liberdade e preencheu muitos corações. Comemora, nesse ano de 2019, os 166 anos do nascimento de Martí e 60 anos da revolução cubana. E segue voando. Até hoje os estudantes se reúnem todos os anos na imensa Marcha das Tochas e se celebra com verdade um dia nacional dedicado à rebeldia de ousar sonhar e realizar um outro mundo possível. 

Programação em Fortaleza em alusão ao 26 de julho:

Noite Cubana – Música, Rebeldia e Energia
ADUFC - Av. da Universidade, 2346 – Benfica | 19h
Realização: Casa da Amizade Brasil Cuba - CE
 

Edição: Monyse Ravena