DIREITOS HUMANOS

Mais de 12 mil crianças foram mortas ou feridas em zonas de conflito em 2018, diz ONU

Número é o mais alto desde 2005, quando monitoramentos deste tipo começaram a ser realizados pela organização

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Segundo o documento, mais de 24 mil crianças foram alvo de “violações graves”
Segundo o documento, mais de 24 mil crianças foram alvo de “violações graves” - Foto: Amer Almohibanny/AFP

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou na terça-feira (30) um relatório que aponta que mais de 12 mil crianças foram mortas ou ficaram feridas em zonas de conflito armado em 2018. O número é o mais alto desde 2005, quando começaram os monitoramentos deste tipo.

De acordo com o documento, entregue pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Segurança das Crianças e Conflitos Armados, o número se manteve relativamente estável quando comparado com 2017, mas houve um “aumento alarmante” de violações realizadas por forças governamentais e internacionais. 

Em nota, Guterres disse estar “desanimado com o nível crescente de graves violações cometidas” e “particularmente chocado com o número de crianças mortas ou mutiladas no ano passado”. 

A maior parte dos casos, segundo o levantamento, ocorreu no Afeganistão. O país lidera a lista com 3.062 meninas e meninos mortos em 2018, 28% do total de vítimas civis durante o conflito.

Na Síria, ataques aéreos foram responsáveis por ferir e matar 1.854 crianças. No Iêmen, 1.689. Já na Palestina, 59 morreram e 2.756 ficaram feridas, o que representa o número mais alto na região desde 2014.

A representante especial do Conselho da ONU, Virginia Gamba, disse que “é extremamente triste que as crianças continuem sendo afetadas de maneira desproporcional pelos conflitos armados. E é horrível vê-las mortas e mutiladas como resultado das hostilidades”. Gamba ressaltou ainda que “é imperativo que todas as partes em conflito priorizem a proteção das crianças”. 

7 mil crianças recrutadas para conflitos armados

Segundo o documento, mais de 24 mil crianças foram alvo de “violações graves”, o que inclui o recrutamento para combates, violência sexual, sequestros e ataques contra escolas e hospitais.

Um dos números que mais chamaram a atenção foi de meninas e meninos que atuaram em situações de conflito armado: cerca de 7 mil, segundo a ONU - sendo 2.300 na Somália, a maior parte alistada no grupo Al-Sabab, que sozinho usou 1.865 crianças em combates. 

Na sequência está a Nigéria, que recrutou 1.947 crianças, algumas usadas em ataques suicidas. A Síria ficou em terceiro lugar.

Gamba ressaltou que o total de crianças libertadas também aumentou nos últimos anos. Além disso, alguns países implementaram medidas para resguardar a infância em zonas militarizadas. Compromissos nesta ordem foram assinados na República Centro-Africana e na Síria. 

No Iêmen, o governo traçou um plano para proteção, enquanto na República Democrática do Congo oito grupos armados assinaram uma convenção onde se comprometem em não recrutar crianças.Um protocolo parecido foi adotado no Sudão do Sul.

Edição: João Paulo Soares