Nenhum frequentador do James Bar sabe, mas lá trabalhou o primo do meu melhor amigo, DigDig. Juntava as garrafas, limpava a cozinha, era pau pra toda obra. Vinte e dois anos de idade intensamente vividos. Venceu a morte logo após nascer, quando extraiu um tumor maligno de sua garganta, ficando com uma cicatriz macabra em volta do pescoço. Sem um dente da frente e sempre rindo de tudo, de todos e de si próprio, aquecia os lugares em que passava com seu ardente amor à vida, embora a morte o acompanhasse. Seu tio se deixou desintegrar pelo crack e pelo banzo. Dois primos de morte matada e mais dois no tráfico arriscavam a vida. Pai, nem na identidade e mãe dependente do álcool.
Certo dia chegou do trabalho e viu a mãe transando com outro usuário de crack no espaço que viviam nos fundos de sua avó. Partiu pra cima do rapaz, agrediu a mãe. Quarenta dias preso por violência doméstica. Perdeu o emprego e o sorriso.
Uma vez livre, tornou-se cativo no bar do Tonhão, e certo dia se meteu numa briga de marido e mulher. A senhora veio buscar o marido e ali mesmo foi agredida e humilhada. Ele interviu, intimou o cara. O tiuzão recuou e voltou depois, campanou e na saída do bar esfaqueou fatalmente Diego.
Sua mãe, desolada, deixou-se morrer tempos depois.