Argentina

Em meio a polarização, argentinos vão às urnas para eleições primárias

Votação deve servir como grande pesquisa eleitoral em um país dividido entre o atual presidente e a ex-mandatária

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Campanha para Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), começaram em 23 junho, data em que se esgotou o prazo para a inscrições
Campanha para Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), começaram em 23 junho, data em que se esgotou o prazo para a inscrições - Foto: HO/Cristina Fernandez de Kirchner's Press Service/AFP

Os argentinos irão às urnas neste domingo (11) para as eleições primárias. O processo, na teoria, deveria servir para definir os candidatos habilitados a participar das eleições presidenciais que ocorrem em 27 de outubro. No entanto, nenhum dos partidos indicou mais de uma chapa. Por isso, o pleito funcionará somente como uma espécie de pesquisa de intenção de voto, já que os cidadãos argentinos são obrigados a participar. 

A campanha para as Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) começou em 23 junho, data em que se esgotou o prazo para a inscrição das chapas.

Este ano, os candidatos à presidência foram definidos antes das primárias, mas o pleito também funciona como um filtro: presidenciáveis que conquistarem menos de 1,5% dos votos não poderão participar das eleições.

A eleição é diferente do que ocorre em quase todo o resto do mundo. No Brasil, por exemplo, são os filiados de cada partido que decidem, quando há necessidade, quem será seu representante.

A votação ocorrerá entre às 8h e às 18h (horário argentino). Deverão votar todos os cidadãos entre os 18 e 70 anos que estão registrados no sistema eleitoral. A votação só é optativa para jovens de 16 anos e maiores de 70 anos.

Principais candidatos

Assim como nas últimas pesquisas de intenção de voto, as primárias deste domingo devem revelar um cenário bastante polarizado na Argentina. 

Segundo uma pesquisa da consultoria Analia del Franco divulgada nesta semana, a chapa Frente de Todos, composta por Alberto Fernández e sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, está em primeiro lugar com 39,7% das intenções de voto. 

Em segundo lugar, com 31,6%, aparece o governista Juntos pela Mudança, do atual presidente, Mauricio Macri, e Miguel Pichetto. Outras pesquisas variam entre 35% e 43% para Fernández e 32 e 35% para Macri. 

De acordo com o sistema eleitoral Argentino, vence a corrida no primeiro turno quem conquistar 45% dos votos, ou mesmo 40%, caso haja uma diferença de ao menos 10% com relação ao segundo colocado.

Além de Macri e Fernández, há ainda a chamada “terceira via”, chapa formada por Roberto Lavagna e Juan Manuel Urtubey. A aliança ainda não alcançou 2 dígitos em nenhuma das pesquisas. 

Dos seis membros das três chapas mais bem colocadas, cinco são peronistas. Macri é a exceção. Embora esse dado passe a impressão de que há uma conformidade entre as tendências políticas, o peronismo se divide entre diversas ramificações, indo da direita à esquerda do espectro político e gerando confusão mesmo entre os argentinos. 

Temas dominantes

As discussões em torno da economia argentina dominaram a corrida eleitoral até aqui. Isso porque o país passa por sua maior crise desde que declarou moratória, às vésperas do natal de 2001. 

O próximo mandatário terá que lidar com a crescente desvalorização da moeda nacional frente ao dólar e com uma inflação que fechou 2018 em 47,6%, o maior índice dos últimos 27 anos. 

O endividamento público do país também é um problema, tendo a Argentina inclusive recorrido a um empréstimo de US$ 57,1 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional. Especialistas já afirmam que o país pode ter que declarar moratória novamente.

Outro tema presente nos debates é o da legalização do aborto, pauta que paralisou o país em 2018, quando um projeto de legalização passou pela Câmara e foi rejeitado pelo Senado. A aprovação da lei foi amplamente defendida por Cristina.

Edição: José Eduardo Bernardes