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Mais de 10 mil protestam em Curitiba contra os cortes na educação

Uma assembleia comunitária aconteceu ao longo do dia e se posicionou contra o Future-se, projeto do MEC

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Após concentração na Praça, manifestantes percorreram as ruas centrais da capital do Paraná.
Após concentração na Praça, manifestantes percorreram as ruas centrais da capital do Paraná. - Eduardo Matysiak

A Praça Santos Andrade, em frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ficou lotada de manifestantes, nesta terça 13, Dia Nacional de mobilização em defesa da educação.  Mais de dez mil pessoas se reuniram e depois saíram em passeata pelas ruas centrais de Curitiba.  Estudantes de universidades federais e estaduais fizeram o uso da palavra em cima do caminhão de som, pedindo a união da sociedade como um todo para defender a educação pública. “Chegamos em uma situação que os cortes farão a Universidade parar. O governo para deixar as universidades sem saída, apresentou o Future-se, que é na prática uma proposta de privatização da Universidade pública no Brasil. Os ataques não são isolados, pois ainda temos a Reforma da Previdência, tudo para precarizar a vida do povo. Por isso, não basta só fazermos manifestação, precisamos construir uma luta diária por um outro projeto de país,” disse Lucas Gracia, estudante de Pedagogia do comando de mobilização de greve na UFPR.

Professores, técnicos e movimentos sociais participaram do Dia Nacional de Mobilização em defesa da Educação.  Daniel Mittelbach, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais no Estado do Pr (Sinditest), disse que a posição da grande maioria dos técnicos universitários é contra o projeto Future-se. “Esse projeto é uma tentativa de privatizar a Universidade e por isso queremos fazer um chamado à população em geral para que se una a nós e defenda um dos maiores patrimônios brasileiros que é a educação pública.” Já para o professor Paulo Vieira Neto, presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (Apuf-Pr), o momento é de constante diálogo e união da comunidade acadêmica. “Tem sido uma constante o diálogo das três categorias e a construção de uma unidade na luta por nossas reivindicações. Realizamos nesta tarde uma assembleia comunitária que se posicionou contra o projeto do Ministério da Educação e propondo alternativas para trazer o projeto de Universidade que queremos, uma universidade inclusiva, democrática que estão sendo desconsiderado pelo atual governo.”

Luta pela pesquisa

Segurando junto com outros estudantes uma faixa em defesa dos cursos de pós-graduação, Luciane Belin, diretora de comunicação da Associação dos Pós-Graduandos da UFPR, (APG), disse que a presença de muitos alunos de pós-graduação na manifestação se deve à preocupação com o futuro.   “Estamos aqui defendendo nossos direitos de pesquisadores e futuros professores. Nossa luta aqui na rua é contra os cortes de mais de 30% que já estão afetando a pesquisa. Temos laboratórios parando, pessoas que perderam bolsas e projetos interrompidos.” Só na Universidade Federal do Paraná, foram 123 bolsas de pós-graduação cortadas.

Os mais de dez mil manifestantes após as 19 horas, seguiram em passeata pelas ruas da cidade, puxando palavras de ordem como “Fora Bolsonaro”, “Educação não é mercadoria” e "Aqui está o tsunami da educação."  Além da capital do Paraná, outras cidades paranaenses realizaram ato, como em Paranaguá, Cascavel, Francisco Beltrão, Foz de Iguaçu, entre outras.

 

UFPR tem recurso para apenas um mês

Segundo a Administração da UFPR, a universidade dispõe de apenas R$ 7 milhões para manter as despesas não obrigatórias até o final do ano, montante que não daria nem para um mês. Nessas condições, a UFPR não teria como arcar com serviços básicos, como limpeza, energia elétrica, vigilância, restaurantes universitários e transporte para atividades didáticas (como aulas de campo). A previsão, então, é de que a instituição interrompa as atividades do segundo semestre já em setembro.  O reitor da UFPR, professor Ricardo Marcelo Fonseca, em audiência pública chamada pela reitoria no dia 02 de agosto, disse que  “o texto do projeto tem uma série de “silêncios eloquentes”. Entre esses lapsos, citou a falta de propostas sobre extensão, o desacoplamento de outras políticas previstas para a área, como o Plano Nacional da Educação, a negligência com as pesquisas das humanidades e ciência básica e a falta de discussão sobre o papel social da universidade quanto à inclusão.”

Assembleia Comunitária se posiciona contra o Future-se

Na tarde do Dia Nacional de Mobilização em defesa da Educação foi realizada também uma Assembleia Comunitária da UFPR, que reuniu estudantes, professores e técnicos, que se posicionou contrária à proposta do Ministério da Educação, o Future-se. Como encaminhamento, os representantes de cada categoria, irão enviar ao presidente do Conselho Universitário da universidade, um documento expressando a negativa ao projeto. O Conselho se reunirá na próxima quinta, 15, para deliberar a posição da UFPR. Universidade como a UFRJ, UNB, UFC ente outras já se posicionaram contrárias.

Edição: Fredi Vasconcelos