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“Mal sabiam eles que nós somos a tempestade”, diz Elika Takimoto sobre novo livro

Uma das suas inspirações, conta a autora, é Marielle Franco, vereadora carioca executada a tiros.

Curitiba |
Lançamento do seu oitavo livro aconteceu em Curitiba, neste 7 de setembro.
Lançamento do seu oitavo livro aconteceu em Curitiba, neste 7 de setembro. - Ana Carolina Caldas

Foi na cidade de Campos, no Rio de Janeiro, em um dos atos “Ele Não”, contra Bolsonaro, que a então candidata a deputada estadual pelo PT, a professora de física Elika Takimoto, falou pela primeira vez sobre ser tempestade. “Movido por uma grande força, quando me deram a palavra, fui enfática ao falar que sussurraram no meu ouvido, no ouvido de Marielle, no ouvido de todas as mulheres se nós não tínhamos medo da tempestade. Mas mal sabiam eles que nós somos a tempestade.” Foi desse momento que surgiu o nome do seu livro “Nós somos a tempestade", lançado neste dia 7 de setembro, em Curitiba.

No Gilda Bar, das 13h às 18h, inúmeras pessoas foram adquirir o livro e conhecer Elika que é também famosa por sua atividade nas redes sociais. E foi dos seus escritos na internet que ela chamou atenção do ex presidente Lula, que a convidou para se filar ao partido. "Nós somos a tempestade" tem o prefácio escrito por Luís Inácio Lula da Silva e posfácio escrito por Marília Lamas, escritora, roteirista e ex-aluna de Elika Takimoto. A obra traz um conjunto de crônicas que têm em comum um tema: política. Neste livro, estão os textos de Elika Takimoto que mais fizeram sucesso em suas redes e mais outras histórias que contam como Takimoto se tornou candidata pelo PT.

Em entrevista para o Brasil de Fato Paraná, ela contou detalhes do livro e também inspirações como Marielle Franco, vereadora carioca executado a tiros em 2018:

Como começou sua trajetória de escritora?

Sempre li muito desde muito nova. Mas, por incrível que pareça eu sempre tirei zero em redação. Então a escola me fez acreditar que eu não sabia escrever bem, porque eu fazia duas coisas que são erros inaceitáveis para uma redação escolar: uma era escrever em primeira pessoa e a outra era fugir do tema. Eu sempre gostava e gosto de escrever o que me emociona, e então, às vezes, fugia do tema. Mas o tempo vai passando, continuo lendo muito, e ainda desejando escrever. Até que com 33 anos eu escrevo minha primeira crônica que se chama Beleza Suburbana, mandei para um amigo escritor por e-mail e ele falou para eu abrir um blog e publicar. Assim, nasceu o meu blog “Minha vida é um blog aberto”, onde escrevo o que me dá na telha sempre em primeira pessoa.

Você já escreveu livros para crianças e agora lança um livro sobre política. Como se dá esta caminhada por áreas diferentes?

Começa pela minha formação que já é muito variada: sou professora de Física, meu mestrado é em História e meu doutorado em Filosofia. Sou premiada na Literatura e sou mãe. Todo cronista gosta de escrever sobre diversos assuntos e assim são os meus livros, reflexo do que eu sou. Tenho um livro infantil sobre um laboratório de física que visitei e meu filho fez várias perguntas e então resolvi contar, tenho um outro livro sobre diálogos meus com meus filhos, tem um outro para alunos que se chama “Como Enlouquecer seu professor de Física” e chego agora no meu oitavo título, que é sobre minhas reflexões políticas.

Sobre o que você conta neste seu novo livro?

É uma compilação de vários textos meus que viralizaram na internet, sobre política. Conto também como foi eu, por causa do que eu escrevia na internet, me tornar candidata a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores, o maior partido da América Latina. Como foi ser candidata no Rio de Janeiro por um partido que fez muito pelos brasileiros e brasileiras, mas naquele momento sendo muito apedrejado. Não foi nada fácil e por isso também resolvi dividir essa história com quem desejar saber.

Por que “Nós somos a tempestade”?

Eu estive em Campos durante a campanha e em um dos atos do “Ele não”, com a praça lotada, me chamaram para falar. Eu já estava acompanhando o dia na internet e vi que o outro lado estava debochando dos atos Ele Não.  Então, movida por uma força peguei o microfone e falei de forma muito enfática que haviam sussurrado no meu ouvido, sussurraram no ouvido de Marielle, sussurraram no ouvido de várias mulheres perguntando se não, não tínhamos medo da tempestade e mal sabiam eles que nós somos a tempestade. Essa história, inclusive não é contada no livro. Estou contando de forma inédita para vocês.

Você tem medo?

Ao reler o livro eu chorei, me emocionei muito e a palavra que mais aparece é medo. Às vezes escrevo que sinto medo, as vezes que não e outras que estou lidando com ele. Mas a gente tem que ir com medo mesmo. O medo não pode nos silenciar. O que aconteceu, por exemplo com a Marielle nos assusta muito. Mas se a gente ficar calado, a gente enterra Marielle de vez. Então para ir contra o medo, temos que continuar espalhando sementes e ideias.  

Edição: Pedro Carrano